Conversa de bibliotecários

Bibliotecários adoram comentar a imagem da profissão no cinema e outros meios de comunicação. Garimpar cenas com bibliotecários ou bibliotecas, lamentar os estereótipos ou achar graça neles, é quase um esporte. Também é um tema de pesquisa que rende teses e trabalhos de conclusão de curso.
A Biblioteca da ECA não tem muitos filmes no acervo que tratam do assunto. Há o inevitável O nome da rosa, baseado no livro de Umberto Eco, no qual a biblioteca é destruída por seus próprios segredos. E o seriado Buffy, a caça-vampiros, em que o bibliotecário é o guardião e protetor da personagem que luta contra os poderes das trevas. Também há personagens bibliotecários no filme O convento, de Manoel de Oliveira, sobre um pesquisador procurando num convento português provas para sua hipótese de que William Shakespeare era espanhol, não inglês.

Os livros, a leitura e a preservação do conhecimento são temas de Fahrenheit 451, de François Truffaut, ambientado na sociedade totalitária do futuro que proibiu a posse e a leitura dos livros. A pesquisa em arquivos aparece no filme alemão Uma cidade sem passado, em que uma jovem estudante tenta descobrir o que aconteceu em sua cidade durante o nazismo.

Em A felicidade não se compra, de Frank Capra, a menção a bibliotecários é rápida, mas significativa. George Bailey, o personagem principal, é um ótimo sujeito que pensa em se matar depois de uma série de enormes decepções. Um anjo o impede, mostra como seria a vida em sua cidade se ele não tivesse existido. Seria tudo péssimo, mas George desiste definitivamente do suicídio quando descobre o destino alternativo de sua esposa: sem ele, a pobrezinha jamais teria se casado e seria bibliotecária!
Vale a pena ver Party girl, filme que além mostrar a profissão sob uma óptica positiva, dá uma visão bastante realista do trabalho dos bibliotecários. A moça moderninha e festeira do título tem problemas com a polícia e sua madrinha, bibliotecária, paga sua fiança. Em troca, ela vai trabalhar na biblioteca e acaba gostando da coisa. Mas comete um erro e a madrinha a demite, com uma tremenda bronca em tons feministas. Vejam a cena:

Depois da bronca, a personagem decide que vai estudar para ser bibliotecária.

Se você gosta do assunto:

http://filmlibrarian.info/
http://www.librarian-image.net/
http://www.tk421.net/essays/nwyt.pdf

6 Responses to Conversa de bibliotecários

  1. Esse é divertido: Jinnah, de Jamil Dehlavi (1998), filme sobre o homem que fundou o Paquistão. Nesse filme, Deus é bibliotecário e recebe o personagem principal na biblioteca, reclamando dos computadores! Infelizmente só passou na Mostra e não saiu em DVD no Brasil. Vejam a sequência inicial: http://youtu.be/TtOSvO4X4jM

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  2. Romildo Gregorio de Lira disse:

    Olá a todos e todas!
    Só para citar outros filmes em que bibliotecas ou arquivos são, mesmo que rapidamente, retratados em filmes, temos um filme do Hitchcock, A Sombra de Uma Dúvida, em que uma menina tem adoração pelo tio e vai ao longo do filme descobrindo sua verdadeira identidade. Num desses momentos ela descobre ao ler um periódico na biblioteca local uma notícia relacionada ao tio. Tem um filme mais recente, o alemão A Vida dos Outros, que ganhou o Oscar de filme estrangeiro inclusive, em que um dramaturgo descobre como foi investigado secretamente pela Stasi, polícia política da Alemanha Oriental, num centro de documentação aberto após a queda do Muro. Infelizmente esse tipo de documentos não foi inteiramente disponibilizado no Brasil, mesmo com o fim da ditadura bem anterior ao fim da Alemanha Or.. Ano passado, assisti um filme na Mostra de SP, Contos de Kyoto em que a personagem principal trabalha na biblioteca de uma universidade. Lá, ela conhece um professor desastrado que se apaixona por ela e a deixa entre esse professor e seu namorado de infância. E lembrando do crime bárbaro da escola no RJ, temos o filme Elefante, em que uma das personagens trabalhava na biblioteca da escola onde ocorreu crime semelhante. Tem também o filme Um Sonho de Liberdade em que há uma espécie de “bibliotecário” que sempre passava nas celas com um carrinho cheio de livros para os detentos que quisessem ler. Bom, esses são alguns que eu lembro. Dos citados acima, o primeiro tem na biblioteca da ECA. E vale a pena assistir. Hitchcock é sempre uma boa pedida.

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  3. Rachel disse:

    Sou graduada em Biblioteconomia e fiz meu trabalho de conclusão de curso sobre a imagem do profissional da informação em filmes. Eu e minha orientadora estamos elaborando um artigo a ser publicado em revista científica.

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  4. cecilia saint-pierre disse:

    Adoro biblioteca e livraria – fiquei curiosa e li o artigo. Lembrei de Cinderela em Paris, com Audrey Hepburn e Fred Astaire. Ela trabalhava numa livraria em nyc – não era bem uma bibliotecária, mas acho que vale. Ela é descoberta por um produtor e vira modelo…. o resto eu não conto. O filme é lindo e mostra o mundo da moda nos anos 50, antes da epidemia das grifes. Vale conferir…

    Cecilia Saint-Pierre
    cinema eca82

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  5. Agradecemos o comentário, Dora. Divulgaremos sua tradução, assim que você a publicar. Com certeza nossos usuários vão achar interessante!

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  6. Dora disse:

    Muito legal este post!

    Estou preparando a tradução de uma pesquisa pequena, que encontrei na base de dados ERIC… Chama-se: “Imagens de bibliotecários na Ficção Científica e Fantasia: incluindo uma lista comentada” e foi feita por Marcia J. Myers, em 1998. Meio antiguinho, mas muito interessante. Em breve deixarei disponível no meu blog.

    Um abraço.

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