Em busca dos assuntos perdidos

A vida de um pesquisador em busca de literatura sobre o tema de seu trabalho nem sempre é simples. Todo mundo já deve ter passado por isso. Você vai até a sua biblioteca confiante de que vai encontrar tudo o que não achou no Google… mas não. Você encontra só dois ou três livros ou localiza 948 registros no Dédalus, mas desanima na segunda página de resultados, ao constatar que maioria das referências não tem absolutamente nada a ver com o seu tema.

foto: Book search!, por Keith Davenport (Flickr)

foto: Book search!, por Keith Davenport (Flickr)

O que está errado? Você, sua escolha de tema ou a biblioteca? Talvez nenhum dos três. O problema pode estar na forma pela qual você fez a sua busca. Bibliotecas registram os assuntos dos documentos de forma padronizada, de modo que o mesmo conceito seja sempre expresso pela mesma palavra ou expressão. Assim, um livro sobre a abstração nas artes será indexado em todas as bibliotecas da USP sempre com o termo “abstracionismo” e não serão adotados os termos “arte abstrata” ou “arte não figurativa”.

Esse procedimento é importante para evitar a dispersão dos assuntos e garantir que todos os documentos que tratam do mesmo assunto sejam localizados. Mas o problema é que, se o pesquisador digitar o termo não adotado, talvez não obtenha um bom resultado e se decepcione. Alguns sistemas mais modernos nos ajudam a encontrar o termo “certo” mesmo quando procuramos pelo “errado”, mas o Dédalus ainda não faz isso.

O que fazer, então? A solução mais prática, naturalmente, é pedir ajuda para os bibliotecários, pessoas que costumam entender dessas coisas e até acham divertido ajudar usuários perdidos e aflitos. Mas, se você preferir se virar sozinho, as dicas são:

Esgote seu repertório de sinônimos e procure de vários jeitos. Se encontrar uma referência que pareça promissora, clique no título para ver os dados completos e observe quais termos aparecem no campo “Assunto”. Procure novamente por esses termos.

Tente procurar por termos mais amplos. Lembre-se de que nem sempre os assuntos muito específicos ou muito novos estão bem cobertos pela literatura.

Se você recuperou muitos resultados não pertinentes, direcione sua busca ao campo Assunto. Dessa forma, se você estiver procurando informação sobre “iluminuras“, você não recupera os livros publicados pela editora Iluminuras. Faça a experiência.

Outra ideia é consultar a lista de termos do Vocabulário USP para descobrir se o termo que você está procurando é o que as bibliotecas adotam. Clique em Vocabulário (na interface de busca do Dédalus) e depois em “Geral Alfabética”, no meio da tela.

 

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A interface não é muito amigável, é apenas uma lista enorme em ordem alfabética, mas pode ajudar em alguns casos. Digamos que você esteja procurando material sobre preservação fotográfica, mas a busca no campo assunto usando essa expressão não foi muito produtiva. Entre no Vocabulário e digite “preservação” na caixa de busca. Você vai descobrir que não existe “preservação fotográfica” no Vocabulário, mas existe “preservação e restauração de fotografias”. Esse é o termo adequado para fazer a busca no Dédalus. Há também o termo “preservação e conservação de acervos” que pode trazer resultados complementares interessantes.

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Outro problema bastante interessante é descobrir como traduzir o tema de seu trabalho em termos de busca num sistema como o Dédalus e outros catálogos de biblioteca. Para encontrar material para um trabalho sobre “a imagem da mulher negra nas revistas femininas brasileiras” no Dédalus é preciso encontrar os termos corretos para fazer a busca. Se você buscar essa frase inteirinha no Dédalus, só vai encontrar alguma coisa se houver um documento que tenha essa frase no título ou no resumo, por exemplo. E vai deixar de encontrar muita coisa. Entrando no Vocabulário USP você descobre que não temos os termos “Revistas femininas” e “Mulheres negras”. Mas temos “Jornalismo feminino”, “Mulheres” e “Negros”. E como fazemos para descobrir isso?  Como “Revistas femininas” não existe, procure “Revistas”. Para localizar assuntos relacionados a esse universo, clique no botão Hierárquico (seta verde, canto direito da página). Você encontra lá o termo “Jornalismo feminino”.

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Existem vocabulários mais fáceis de serem consultados nesse mundo da informação acadêmica. Se você fizer uma busca nas bases de dados da Proquest ou da EBSCO, por exemplo, vai encontrar listas de assuntos (às vezes com o nome de tesauros ou thesaurus) organizadas de tal forma que você consegue navegar facilmente de um assunto a outro. Experimentem. Nosso Vocabulário USP ainda vai chegar lá.

É importante lembrar que o Vocabulário USP, assim como qualquer outro instrumento desse tipo, não é estanque. Novos termos são inseridos constantemente, depois de serem analisados por uma equipe de bibliotecários das três grandes áreas da USP. Os próprios usuários do sistema podem contribuir para a atualização do Vocabulário. Quando sentirem falta de um termo, conversem conosco pessoalmente ou enviem um e-mail para a Biblioteca. Sua sugestão será analisada e submetida ao grupo gestor do Vocabulário.

Outra forma de facilitar suas pesquisas por assunto e, ao mesmo tempo, contribuir para o enriquecimento do Vocabulário, é colocar suas próprias tags no catálogo, usando a Busca Integrada. Basta fazer login no sistema e inserir o termo que você considera adequando para o documento que localizou. Dessa forma, você consegue reunir todas as referências que localizou e identifica-las com seus próprios termos. É simples.

Dúvidas sobre tudo isso? Sem problemas, fale conosco!

3 Responses to Em busca dos assuntos perdidos

  1. […] Em busca dos assuntos perdidos […]

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  2. Rebeca Matias disse:

    Boa tarde,

    Muito interessante a postagem. Não sou aluna da USP, faço biblioteconomia em uma outra Universidade e gostaria de saber que é o responsável pelo manual de catalogação de filmes, e se possível o e-mail, para entrar em contato.

    Obrigada

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