Herdando bibliotecas

21/02/2022

Estudando minha biblioteca, […], vós, visitantes, podereis conhecer meu espírito

https://brapci.inf.br/index.php/res/v/74964

Uma das formas que muitas bibliotecas têm para enriquecer seu acervo é o recebimento de doações, e num tempo de crescentes restrições orçamentárias, as doações são ainda mais fundamentais. Mas e quando se recebem doações muito grandes? E quando se recebem bibliotecas inteiras?

Ex-libris presente em parte da coleção F. Matarazzo Sobrinho

Bibliotecas particulares são comumente doadas pelos professores, quando se aposentam, ou por familiares, depois de sua morte, para as bibliotecas das instituições onde exerciam suas atividades acadêmicas. Essas coleções costumam trazer exemplares únicos ou esgotados de difícil aquisição por outros meios, assim como repor obras extraviadas ou danificadas etc.

Algumas bibliotecas importantes têm suas coleções fundadoras criadas dessa maneira, como por exemplo a biblioteca central da UNB:

Como a biblioteca não contava com nenhum acervo remanescente, a UnB teve que iniciar seu acervo do zero. Para compensar esta defasagem e falta de material informacional remanescente da biblioteca da universidade, Edson Nery da Fonseca foi buscar a solução comprando bibliotecas de particulares que naquela época eram disputadas pelas universidades.

https://brapci.inf.br/index.php/res/v/161848

O tratamento dado a essas coleções, varia de biblioteca para biblioteca. Podendo ser criada uma nova coleção dentro da organização da biblioteca, quando se dispõe de espaço, ou quando as próprias bibliotecas particulares são em si vistas como objeto de estudo, representativas da trajetória de um pensador, uma época ou instituição.

O recebimento desse tipo de doação faz surgir preocupações que envolvem planejamento do espaço físico, remanejamento de partes do acervo, higienização e preservação. Mas antes dessas etapas há a seleção, momento em que se avalia pertinência ao acervo, estado de conservação, raridade, atualidade… Enfim, não é tarefa fácil manusear e avaliar centenas de obras, algumas sem interesse para o acervo.

A Biblioteca da ECA recebe doações de coleções desde sua formação, caso do recebimento de parte da coleção de Francisco Matarazzo Sobrinho, antes mesmo da inauguração oficial da biblioteca. Hoje, por restrições de espaço, só recebemos bibliotecas particulares inteiras quando provenientes de professores da ECA, e, após seleção, parte é incorporada ao acervo e outra parte pode ser encaminhada para outras instituições.

Também é a limitação do espaço disponível que faz com que essas coleções particulares de professores estejam normalmente dispersas no acervo geral ou em outras coleções já existentes.

Importantes obras de nosso acervo foram incorporadas dessa forma, como a coleção de peças de teatro não editadas da Escola de Arte Dramática. Outros exemplos de coleções recebidas:

  • Leon Kaniefski (267 livros sobre música)
  • Amália Zeitel (1000 livros e revistas sobre teatro)
  • Gilberto Mendes (149 partituras originais)
  • Eudinyr Fraga (2600 livros, revistas e peças de teatro)
  • Carlos Avighi (2982 livros e revistas)
  • Lycia de Biase (cerca de 400 partituras manuscritas)

A biblioteca particular do ex-professor Eduardo Peñuela Cañizal foi uma das últimas recebidas, e foi criada no Dedalus uma ‘coleção especial’ para juntar os títulos que foram inseridos no acervo.

Dessa forma, conseguimos preservar a forma de organização dos livros na Biblioteca da ECA (separados por grandes assuntos), sem perder a informação sobre a origem do material.


Critérios de seleção

11/05/2021

O acervo da Biblioteca da ECA destina-se a atender às necessidades dos cursos e linhas de pesquisa da Escola, mantendo um perfil consistente de biblioteca universitária especializada nas áreas de artes e comunicações. Os livros e outros materiais são comprados, principalmente, por indicações e pedidos da comunidade de usuários da ECA: professores, alunos e funcionários.

Livros / Books
foto: Claudio Arriens (Flickr)

Naturalmente, como em qualquer biblioteca, existem critérios para filtrar esses pedidos, já que o dinheiro não nasce em árvores e o espaço disponível para guardar o acervo não é feito de material elástico. Se alguém faz um pedido baseado apenas em seu desejo pessoal (“quero ler romances de ficção científica”) ou exagera na quantidade (“vou precisar de 250 livros do mesmo assunto para minha dissertação”), provavelmente não será atendido. As doações também são selecionadas de acordo com critérios semelhantes, estabelecidos pelos bibliotecários e aprovados pela comunidade – representada pela Comissão de Biblioteca. Nem tudo o que é pedido é comprado, nem todas as doações são aceitas. É assim que se faz para utilizar de forma racional os recursos disponíveis e construir um bom acervo.

Esses critérios precisam ser dinâmicos, porque as demandas dos cursos vão mudando, os conteúdos se atualizam, o mundo é redondo e dá voltas – ao contrário do que algumas pessoas que não frequentam bibliotecas imaginam. Periodicamente revisamos nossas políticas e analisamos o próprio acervo, para verificar se há materiais que podem ser descartados. Sim, bibliotecas descartam livros que perderam sua utilidade ou ficaram irremediavelmente desatualizados. Desbaste, é o bonito termo técnico que usamos para essa atividade importante – mas bem difícil de fazer.

Em nossa biblioteca, a primeira grande “revisão geral” que fizemos no acervo, com o objetivo de identificar itens que poderiam ser excluídos, aconteceu em 2002, como atividade do Grupo de Avaliação e Seleção de Acervo – GASA da Biblioteca da ECA. Esse grupo, criado no final do ano anterior com a finalidade geral de avaliar e estabelecer critérios para o desenvolvimento do acervo, tinha os seguintes objetivos específicos:

  • Avaliar e desbastar as coleções, visando o equilíbrio e consistência do acervo;
  • Avaliar e adequar os critérios já existentes para seleção e aquisição;
  • Definir novos parâmetros para a formação das coleções;
  • Avaliar e adequar o fluxo de encaminhamento dos materiais às Seções;
  • Promover melhor aproveitamento dos espaços destinados às coleções.

Formado por bibliotecários dos serviços de aquisição, tratamento da informação e atendimento ao público da Biblioteca, o GASA estabeleceu alguns parâmetros mínimos para nortear o trabalho, tais como: avaliar e descartar somente o material recebido em doação; indicar a compra de itens importantes que estivessem em estado de conservação ruim, para substituição; não descartar livros que fizeram parte de reserva didática de docentes da ECA, indicados por docentes ou adquiridos com recursos de reservas técnica dos bolsistas da FAPESP. Feito isso, todo o acervo foi percorrido e examinado cuidadosamente pelos bibliotecários, em pequenos grupos, uma vez por semana. Ao final de vários meses de trabalho, foram retirados do acervo livros que se enquadravam nos seguintes casos:

  • Assuntos não pertinentes ao acervo;
  • Obsolescência: assuntos desatualizados e sem importância para estudo histórico;
  • Nível muito básico;
  • Assuntos relevantes, mas com foco maior em outra área sem interesse;
  • Edições antigas, quando havia edições recentes e atualizadas no acervo;
  • Cópias xerox de obras no todo ou partes;
  • Obras danificadas e irrecuperáveis (que entraram para listas de compra, quando relevantes);
  • Relatórios de atividades, edições comemorativas e materiais promocionais de empresas diversas ou de outras Unidades da USP;
  • Obras em idiomas pouco acessíveis ao leitor brasileiro;
  • Apostilas de cursos de outras instituições;
  • Excesso de duplicatas de livros nunca retirados em dez anos;
  • Documentação pessoal;
  • Trabalhos não publicados;
  • Livros de literatura, poesia e ficção, que não sejam produção acadêmica;
  • Guias com informações de utilidade imediata, mas de caráter temporário.

Essa primeira atividade do GASA foi importante não apenas para liberar espaço nas estantes e melhorar o perfil geral do acervo, mas para estabelecer critérios para decisões futuras.

O GASA ainda se debruçou em outras tarefas, como a avaliação de materiais ainda não catalogados e as teses de outras instituições e o estudo de critérios para seleção das coleções de periódicos, catálogos de exposições de arte e outros. O Grupo encerrou suas atividades em novembro de 2011, devido à redução do quadro de funcionários da Biblioteca, mas deixou bases sólidas para a continuidade do trabalho de seleção de acervo.

Você tem alguma dúvida ou sugestão sobre esse assunto? Se quiser conversar, comente aqui ou mande um e-mail para nós (ecabiblioteca@usp.br).


Este post é um resumo do relatório completo sobre as atividades do GASA, elaborado pela bibliotecária Silvana Rodrigues Leite e outras colegas.


Quem somos nós, parte 2: os que você não vê

13/02/2017

Dando continuidade às nossas explicações do post Quem somos nós?, agora vamos falar daqueles funcionários que você quase não vê, porque não trabalham na linha de frente da Biblioteca.

Você pode não vê-los, mas está vendo o resultado do trabalho deles nas nossas estantes e arquivos. É o pessoal que trabalha nas funções que chamamos de Aquisição, Tratamento da Informação e Conservação, desempenhadas por bibliotecários e técnicos, esses últimos orientados pelos primeiros.

O pessoal da Aquisição

São eles que recebem, organizam, selecionam e encaminham para compra os materiais que os usuários indicam neste formulário. É um trabalho complexo, porque envolve gasto de dinheiro público e diversos tipos de documentos oficiais.

Esse mesmo pessoal seleciona as doações que a Biblioteca recebe: verificam se já temos ou não, se precisamos de mais exemplares, avaliam o estado de conservação e a pertinência do material para o acervo.

Equipe: Silvana (bibliotecária), Sidney e Andréa.

Andrea, Silvana, Sidnei

Andrea, Silvana, Sidnei

O pessoal do Tratamento da informação

Os livros, DVDs, CDs, partituras e outros itens do acervo, depois de recebidos e selecionados, não vão diretamente para as estantes. Antes disso eles passam pela equipe que faz as tarefas necessárias para que todos consigam localizar o que precisam nos catálogos:

Catalogação: inserir no Dédalus todos os dados que identificam o material, como autor, título, data, editora etc.

Classificação: identificar o assunto principal dos livros e associá-los a um número da tabela de Classificação Decimal de Dewey, para que sejam organizados nas estantes junto aos demais do mesmo assunto.

Indexação: analisar todo o material, inclusive os filmes, discos e partituras, para extrair os conceitos pelas quais será feita a busca no Dédalus (assunto e gênero, basicamente). Os termos que expressam esses conceitos devem ser padronizados e para isso usamos o Vocabulário Controlado da USP.

E mais: upload das teses e dissertações na Biblioteca Digital, elaboração de ficha catalográfica e pedido de ISBN para publicações da ECA, manutenção da página de Publicações no site da Escola,  cadastramento da produção acadêmica.

Equipe: Sarah, Alessandra, Samanta (metade) – bibliotecárias.  Andréia, Joaquim, Eduardo, Marcelo (metade) – técnicos. Alguns funcionários precisam dividir seu tempo em mais de uma função!

Alessandra, Sarah, Samanta e Marcelo

Alessandra, Sarah, Samanta e Marcelo

O pessoal da Conservação

Temos em nossa biblioteca uma oficina que faz encadernação, conservação e pequenos reparos em materiais impressos.

A capa soltou? O pessoal da oficina conserta ou coloca outra. A página rasgou? Eles recuperam aplicando papel japonês. O pobre do livro está todo desmontado, com folhas soltas e capa destruída? Se precisar eles encadernam e deixam bonitinho novamente. O livro (ou a revista) está sujo? Eles fazem a higienização, que é um processo mais especializado do que uma simples limpeza. E também cuidam da preservação dos registros de áudio e vídeo.

Equipe: Samanta (a outra metade), Robson, Rosa e Elisabete.

Rosa

Rosa

A chefe

Alguém que não pode faltar: Cecília Moraes Silva, nossa chefe, a que coordena todos os serviços e supervisiona as funcionárias que supervisionam os demais. VIP.

Os contatos

Se vocês precisarem conversar com algum desses funcionários, os endereços de e-mail e números de telefone de toda a equipe da Biblioteca estão em nosso site:

http://www3.eca.usp.br/contato/biblioteca

 


Como doar materiais para a Biblioteca

15/03/2010

A Biblioteca da ECA aceita doações de materiais com assuntos interessantes ao seu acervo. Doações espontâneas com mais de 20 itens, são recebidas somente após seleção prévia realizada pela Seção de Seleção e Aquisição (SSA).

Doações são importantes por que:

Complementam o acervo com materiais  relevantes que ainda não temos, ou acrescentam novos exemplares para atender a demanda;

Suprem falhas de coleções de periódicos;

Substituem materiais danificados ou extraviados;

Documentam a produção acadêmica.

Como devo proceder para doar?

– Faça uma listagem contendo referências do material a ser doado. Isso agiliza muito o nosso trabalho.

– As doações são recebidas pela Seção de Seleção e Aquisição – SSA, no horário de 9 às 12h / 14 às 17h, de Segunda a Sexta-feira.

– O recebimento de grande quantidade de material ou mesmo de bibliotecas particulares será submetido à Comissão de Biblioteca da ECA.

– A Biblioteca se reserva o direito de descartar qualquer material doado que julgar sem interesse ao acervo.

– Não serão aceitas doações, cujo doador imponha exigências adicionais para incorporação do material ao acervo.

– Para mais informações, entre em contato com a SSA, pelo telefone: 3091-4017, ou  endereços eletrônicos: sileiv@usp.br , normanda@usp.br e mayer@usp.br

Algumas doações interessantes que a Biblioteca recebeu:

GOMES, Paulo Emílio Salles.  Jean Vigo. São Paulo: Cosac Naif, SESC, c2009. Acompanham 2 DVDs contendo os filmes:  Zéro de conduite;  O Atalante;  À propos de Nice;  La natation par Jean Taris.

Berlin Alexanderplatz (1980), de Rainer Werner Fassbinder (DVD).

Figuras da dança: série produzida pela São Paulo Companhia de Dança (DVD).

Minisséries da Rede Globo: O primo Basílio, Agosto, Amazônia, Anos rebeldes, Memorial de Maria Moura, A pedra do reino e outras (DVD).

Filmes brasileiros restaurados pelo Programa de Restauro de Filmes da Cinemateca Brasileira, patrocinado pela Petrobrás (DVD).

Luminamara: Música contemporânea do Brasil , com o Núcleo Hespérides (CD).

Série A música brasileira deste século por seus compositores e intérpretes: gravações originais do programa MPB Especial da TV Cultura, dirigido por Fernando Faro (CD).