Estudando minha biblioteca, […], vós, visitantes, podereis conhecer meu espírito
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Uma das formas que muitas bibliotecas têm para enriquecer seu acervo é o recebimento de doações, e num tempo de crescentes restrições orçamentárias, as doações são ainda mais fundamentais. Mas e quando se recebem doações muito grandes? E quando se recebem bibliotecas inteiras?
Bibliotecas particulares são comumente doadas pelos professores, quando se aposentam, ou por familiares, depois de sua morte, para as bibliotecas das instituições onde exerciam suas atividades acadêmicas. Essas coleções costumam trazer exemplares únicos ou esgotados de difícil aquisição por outros meios, assim como repor obras extraviadas ou danificadas etc.
Algumas bibliotecas importantes têm suas coleções fundadoras criadas dessa maneira, como por exemplo a biblioteca central da UNB:
Como a biblioteca não contava com nenhum acervo remanescente, a UnB teve que iniciar seu acervo do zero. Para compensar esta defasagem e falta de material informacional remanescente da biblioteca da universidade, Edson Nery da Fonseca foi buscar a solução comprando bibliotecas de particulares que naquela época eram disputadas pelas universidades.
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O tratamento dado a essas coleções, varia de biblioteca para biblioteca. Podendo ser criada uma nova coleção dentro da organização da biblioteca, quando se dispõe de espaço, ou quando as próprias bibliotecas particulares são em si vistas como objeto de estudo, representativas da trajetória de um pensador, uma época ou instituição.
O recebimento desse tipo de doação faz surgir preocupações que envolvem planejamento do espaço físico, remanejamento de partes do acervo, higienização e preservação. Mas antes dessas etapas há a seleção, momento em que se avalia pertinência ao acervo, estado de conservação, raridade, atualidade… Enfim, não é tarefa fácil manusear e avaliar centenas de obras, algumas sem interesse para o acervo.
A Biblioteca da ECA recebe doações de coleções desde sua formação, caso do recebimento de parte da coleção de Francisco Matarazzo Sobrinho, antes mesmo da inauguração oficial da biblioteca. Hoje, por restrições de espaço, só recebemos bibliotecas particulares inteiras quando provenientes de professores da ECA, e, após seleção, parte é incorporada ao acervo e outra parte pode ser encaminhada para outras instituições.
Também é a limitação do espaço disponível que faz com que essas coleções particulares de professores estejam normalmente dispersas no acervo geral ou em outras coleções já existentes.
Importantes obras de nosso acervo foram incorporadas dessa forma, como a coleção de peças de teatro não editadas da Escola de Arte Dramática. Outros exemplos de coleções recebidas:
- Leon Kaniefski (267 livros sobre música)
- Amália Zeitel (1000 livros e revistas sobre teatro)
- Gilberto Mendes (149 partituras originais)
- Eudinyr Fraga (2600 livros, revistas e peças de teatro)
- Carlos Avighi (2982 livros e revistas)
- Lycia de Biase (cerca de 400 partituras manuscritas)
A biblioteca particular do ex-professor Eduardo Peñuela Cañizal foi uma das últimas recebidas, e foi criada no Dedalus uma ‘coleção especial’ para juntar os títulos que foram inseridos no acervo.
Dessa forma, conseguimos preservar a forma de organização dos livros na Biblioteca da ECA (separados por grandes assuntos), sem perder a informação sobre a origem do material.