Parida e morrida durante o segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a revista Bundas foi lançada em junho de 1999 por remanescentes do Pasquim, mantendo algumas características daquela publicação, como a linguagem coloquial, irreverência, muitas charges e caricaturas etc.
Chegou vendendo bem, mas o nome estampado na capa manteve anunciantes e publicitários distantes. Os anúncios que não vieram provocaram a morte prematura da revista em menos de 2 anos.
Bundas se recusou a ser porta-voz do governo do momento e não deixou FHC e seu governo em paz. Enquanto a grande imprensa se esforçava na missão de mostrar seu governo de forma positiva, Bundas ironizava, criticava.
Se não pode ser acusada de ser porta-voz do governo, a voz que aparecia em suas páginas era masculina, branca, de meia-idade: Millôr Fernandes, Ziraldo, Jaguar, Luís Fernando Veríssimo, Claudio Paiva, Adão Iturrusgarai entre outros nomes expressivos da imprensa periódica brasileira.
O nome da revista nasceu numa referência direta a uma outra revista que circulava e fazia sucesso no momento, como mostram os trechos abaixo do editorial do primeiro número:
Nada contra ‘Caras’ portanto. Pelo contrário, nos vemos como um complemento de ‘Caras’ na tarefa de oferecer um retrato mais arredondado da multifacetada realidade brasileira. Vamos dar o outro lado. […] Como ‘Caras’, ‘Bundas’ mostrará o brasileiro em situações ridículas, dizendo coisas desconexas, em cores.
Por que ‘Bundas’? Porque como disse o poeta. Porque há momentos. Porque se todos os. Porque é preciso que. Porque numa escala de. E um dia ainda. É preciso dizer mais? É. Por isso ‘Bundas’.
A coleção completa da revista está em nosso acervo, oferecendo muitas charges, caricaturas, uma visão menos chapa-branca do segundo mandato de FHC, editoriais do Veríssimo, humor. Um retrato crítico e bem humorado do período em que circulou.