Por que as coisas são assim?

29/04/2019

Bibliotecas são construídas ao longo do tempo, coletivamente, por várias gerações de funcionários e usuários. Sim, usuários também, porque uma biblioteca precisa sempre considerar as necessidades do público para o qual existe.

Quando olhamos para as estantes de uma biblioteca vemos livros doados ou  comprados, selecionados, catalogados e encadernados por pessoas que talvez já tenham morrido. E lidos por pessoas que nascerem muito tempo depois da chegada desses livros.

Isso tudo tem sua beleza, mas também coloca as bibliotecas diante de algumas questões complexas. Por exemplo, uma decisão tomada hoje, em função das condições práticas e demandas atuais, dentro de poucos anos poderá parecer errada ou inadequada. Sempre é possível mudar de ideia ou corrigir rumos,  mas nem sempre a equipe dispõe de tempo ou recursos para fazer mudanças de forma rápida.

Recentemente dois alunos do curso de Audiovisual pediram, em nossa caixa de sugestões, que os roteiros de filmes fiquem todos juntos na estante, como as peças de teatro. Fomos investigar a causa dessa aparente injustiça com o cinema e descobrimos que existe, de fato, na edição mais recente da tabela de classificação que usamos – a Classificação Decimal de Dewey – um número específico para roteiros.

Por que, então, não classificamos nesse número os nossos roteiros, para que fiquem todos juntos nas estantes? É difícil ter certeza. Essa divisão específica não existia na tabela quando começamos a organizar nosso acervo, na década de 1970. Os roteiros publicados em livros sempre ficaram junto com os demais livros sobre filmes de uma nacionalidade específica, ou seja, roteiros de filmes brasileiros na classificação 791.430981 – cinema brasileiro.

Por muitos anos essa situação não se apresentou como um problema. Hoje, porém, o acervo cresceu e temos quase dois corredores de estantes cheios de livros de cinema, o que faz os alunos percorrerem um bocado de prateleiras para encontrar todos os roteiros que gostariam de ler. Além disso, colocamos placas no início das estantes da classificação de teatro, indicando que temos “peças de teatro”, mas não colocamos placas de “roteiros” nas estantes de cinema,  evidenciando algo que é, de fato, uma diferença de tratamento.

E agora, o que fazer? Já dispomos de um número para roteiros e temos alunos pedindo essa separação. É possível mudar a organização do acervo? Sim, mas vai demorar. Será preciso levantar todos os roteiros publicados em livro do acervo, retirá-los de seus lugares, trocar etiquetas e números anotados nos carimbos, corrigir as informações nos registros do Dédalus e reorganizar as estantes para deixar algumas prateleiras livres para esse material. No momento, é uma uma pendência registrada na nossa lista de tarefas a realizar quando for possível.

Por enquanto, podemos localizar os roteiros do acervo buscando no Dédalus pelo termo”roteiro”, campo assunto. Sem esquecer que temos vários roteiros não publicados e cheios de anotações, que tratamos como manuscritos e mantemos na nossa Coleção Especial, longe das estantes comuns. Tratamos do assunto neste post.

 

E as peças de teatro, estão mesmo todas juntas nas estantes? Na verdade, não. As peças publicadas em livro estão nas estantes do acervo circulante misturadas aos livros de crítica teatral de cada país ou no acervo de folhetos, quando são fininhas; as peças não editadas nos armários de pastas suspensas, lá na sala das teses.

Armário dos folhetos e peças não editadas

 

Acontece que, como temos quantidades bem maiores de peças do que de roteiros, o teatro acabou sendo privilegiado na identificação das estantes, onde colocamos apenas os segmentos mais numerosos e visíveis de cada corredor.  Temos também peças publicadas em revistas de teatro, que não estão reunidas nem pelo Dédalus, porque ainda não terminamos de fazer o levantamento desse material.  O que temos, por enquanto, é uma lista parcial publicada aqui no blog que iremos, um dia, completar.

Observem que, em geral, o agrupamento nas estantes não resolve tudo. Será sempre necessária a busca no catálogo, onde conseguimos reunir categorias que não estão próximas fisicamente no acervo, usando termos que identificam o Tipo de material ou Gênero / forma.

Como esses, temos muitos outros casos que vamos resolvendo, aos poucos e com cuidado. A colaboração dos usuários é fundamental para que a gente identifique os problemas mais rapidamente. Portanto, avisem-nos sempre que encontrarem algo que possa ser melhorado na organização da Biblioteca da ECA. Suas sugestões vão sempre receber atenção da equipe e, se forem pertinentes e viáveis, o problema será solucionado assim que for possível.


Henrik Ibsen na Biblioteca: sugestões de leitura

13/01/2014

Neste post iremos apresentar alguns textos teatrais escritos pelo dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (1828-1906) e que constam de nosso acervo.

Casa de bonecas
Escrito em 1879, o texto traz como personagem principal Nora, uma bela mulher que vive uma “vida de boneca” com seu marido e filhos, para questionar as convenções sociais do casamento e a exclusão das mulheres na sociedade burguesa da época.

O pequeno Eyolf
Culpa, responsabilidade humana e possibilidade de redenção são temas evocados por Ibsen nesta obra. Eyolf, personagem que dá nome à peça, é um menino que, por descuido dos pais, sofre um acidente quando recém-nascido e torna-se deficiente físico. Numa tentativa de aliviar a culpa, o pai isola-se para escrever. Ao decidir abandonar seu projeto literário para cuidar da educação do filho, o pai é surpreendido por um novo acidente e pela morte da criança. A mãe, mulher ciumenta e determinada, também sofre a culpa pela perda do filho e pela ausência do marido.

Um inimigo do povo
Esta peça – impiedosa na crítica às elites, aos governos, aos partidos e ao pensamento único – explicita as contradições humanas assim como a falência do indivíduo diante da unanimidade. Traz a história do Dr. Stockmann que, mesmo com a intenção de praticar o bem comum, entra em choque com os interesses mesquinhos da cidade em que vive. Vítima da maioria e da unanimidade, o homem que queria salvar a cidade torna-se o inimigo do povo.

ibsen

Pillars of Society (versão em inglês)
Nesta obra, Ibsen retrata a frequente sobreposição do poder da riqueza ao da lei. Conta a história de Karsten Bernick, um proeminente homem de negócios que, em meio a sua caminhada em busca de sucesso, é repentinamente surpreendido por seu escandaloso passado sendo trazido à tona por meio de Johan Tonnesen, irmão de sua esposa.

 Ghosts  (versão em inglês)
Neste drama psicológico, Ibsen escancara a hipocrisia das convenções sociais e códigos morais por meio da vida de Mrs. Helen Alving, assombrada pela infidelidade de seu marido e pela doença que ele transmitiu ao seu filho.

A dama do mar 
A dama do mar é Élida Wangel,mulher casada com um médico e que mora numa pequena cidade, onde passa sua vida reavivando lembranças de um marinheiro que lhe prometeu casamento, quando ela era jovem, mas nunca mais apareceu.

 O pato selvagem
Mentira e verdade contrapõe-se nesta peça que apresenta a história de uma família – homem, mulher e filha – construída sobre uma mentira que vem à tona quando um amigo de infância, em sua busca obsessiva pela moral e pela verdade, traz à superfície fatos enterrados no passado.

Hedda Gabler
Ambientada na década de 1890, a peça apresenta Hedda, mulher ambiciosa e decidida que se casou com George Tesman, pensando em garantir um futuro financeiramente estável. Com o decorrer do tempo, as coisas não aconteceram do jeito que ela esperava e, para conseguir o que tanto almejava, ela fez de seu casamento um triângulo amoroso rotativo.

Solness, o construtor
O enredo se dá em torno da ambição de Solness, um homem preso a sua mulher doente e imóvel. Ele, às portas da velhice, é tentado pela jovem Hilda Wangel, que representa a mocidade e a imaginação. Tendo construído muitas casas, objetiva então empreender uma construção colossal.

Ficou interessado? Consulte a localização no Dedalus e boa leitura!


Teatro em francês, espanhol, italiano, alemão, inglês

16/12/2013

Nem só em livros é possível encontrar textos dramáticos. Diversas revistas especializadas publicam a versão integral de textos teatrais que recebem vida nos palcos. Já apresentamos no blog alguns títulos nacionais que trazem tal gênero textual. Agora, voltamos os refletores para algumas publicações internacionais em que é possível encontrar peças nos idiomas espanhol, francês, italiano, alemão e inglês.

revista l-avant-scene-theatre_1257

L’avant-scène tréâtre

revista tdr 43_1969

TDR, The Drama Review, publicação da Tisch School of the Arts, New York University

revista primer_acto

Primer Acto, cuadernos de investigación teatral, publicação do Intituto del Teatro del Mediterráneo

revista sipario

Sipario, mensile dello specttacolo

Lembramos que o conteúdo de cada artigo das revistas não é indexado no Dedalus. Assim, caso não encontre o texto que deseja converse com um dos bibliotecários, pois iremos auxiliá-lo a encontrar a obra de seu interesse. Além disso, não se esqueça que estas publicações também podem ser emprestadas.

revista apuntes-teatro

Apuntes

TH Titel 4/05

Theater heute


Teatro e cinema

23/08/2012

Continuando o assunto do post anterior –  não por falta de imaginação mas porque achamos o assunto interessante –  além de textos teatrais publicados em livros e revistas, a Biblioteca da ECA também tem em seu acervo uma boa coleção de adaptações de peças para o cinema. Um dos critérios para seleção de filmes para o acervo é justamente esse, ser adaptação de texto teatral.

Temos adaptações de Shakespeare, como:

Hamlet, de Laurence Olivier (1948)
Rei Lear, de Michael Elliot (1984)
Muito barulho por nada, de Kenneth Branagh (1993)
Trono manchado de sangue, de Akira Kurosawa (1957), adaptação de Macbeth
A última tempestade, de Peter Greenaway (1991), adaptação de A tempestade

e outros …

De Nélson Rodrigues, como:

Dvd A Falecida - Leon Hirszman - Fernanda Montenegro - Novo

A falecida , de Leon Hirszman (1965)
Toda nudez será castigada , de Arnaldo Jabor (1972)
Boca de ouro, de Nelson Pereira dos Santos (1962)

e outros …

De Tennessee Williams:


Gata em teto de zinco quente, de Richard Brooks (1958)
O doce pássaro da juventude, de Nicholas Roeg (1991)
De repente, no último verão, de Joseph Mankiewcz (1959)
Uma rua chamada pecado, de Elia Kazan (1951)
A noite do iguana, de John Huston (1964)

E temos ainda:

 

 

 

 

 

Medéia, de Pier Paolo Pasolini (1969), adaptação de Eurípedes

Édipo Rei, de Pier Paolo Pasolini (1967), adaptação de Sófocles

Barrela, de Marco Antônio Cury (1990), adaptação de Plínio Marcos

Eduardo II, de Derek Jarman (1991), adaptação de Christopher Marlowe

Desencanto, de David Lean (1945), adaptação de Noel Coward

Eles não usam black-tie, de Leon Hirszman (1981), adaptação de Gianfrancesco Guarnieri.

e muitos outros ...

Para ver se temos algum filme baseado num autor teatral específico, procure pelo nome dele em nossa base de dados de Filmes e vídeos. E se quiser a relação de todos os filmes baseados em peças do acervo, pesquise assim:

adaptação * teatro