Achados no acervo de discos

28/02/2023

Nossa coleção de gravações conta, atualmente, com 11770 itens, em vinil, CD e fita cassete. A coleção começou nos primeiros anos da Escola, com discos em suporte vinil comprados ou recebidos em doação, sempre com foco nas demandas do curso de Música da ECA.

Devido à fragilidade do suporte, o empréstimo de discos em vinil nunca foi possível. Os interessados ouviam nos equipamentos disponíveis na Biblioteca ou solicitavam a realização de uma cópia em outro suporte – fita cassete, nos primeiros anos, e CD, posteriormente.

O acervo de vinil continuou crescendo mesmo depois da chegada dos CDs, devido a diversas doações de professores da Escola e colecionadores. Hoje temos 5100 discos, parte deles também disponível em CD ou plataformas de streaming (mas nem todos). A Biblioteca dispõe de toca-discos para audição local.

Esta pequena seleção dá uma boa ideia da variedade da coleção.

A bossa no Paramount

Gravações ao vivo realizadas no Teatro Paramount, em São Paulo.

Lado A: 1. Marcos Valle / P. S. Valle: Terra de ninguém (Marcos Valle / Elis Regina); 2. Antonio Carlos (Tom) Jobim / Vinícius de Moraes: Mulher, sempre mulher (Vinícius de Moraes); 3. Sérgio Ricardo: Zelão (Paulinho Nogueira); 4. Antonio Carlos Jobim: Vivo sonhando (Wanda); 5. O. C. Neves: Antes e depois; Lado B: 1. Moacyr Santos / Mário Telles: Nanã (Zimbo Trio); 2. Carlos Lyra: Tem dó de mim (Quarteto em Cy); 3. O. C. Neves / Luvercy Fiorini: Adeus (Alaíde Costa).

Arrigo Barnabé: Clara Crocodilo

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Lançado em 1980, inovador e experimental. Em seu primeiro disco, Arrigo Barnabé usava o dedocafonismo e o atonalismo livre, de forma até então inédita na música popular brasileira. A canção-título foi objeto de uma tese da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP: Representações da modernidade brasileira na canção: o caso de Clara Crocodilo. A capa é do desenhista e ilustrador Luiz Gê.

Itamar Assumpção: Beleléu, Leléu, Eu

Primeiro disco de Itamar Assumpção (com a banda Isca de Polícia), integrante, assim como Arrigo Barnabé, da chamada Vanguarda Paulistana. Foi lançado pelo selo Lira Paulistana. Temos outros discos dessa importante gravadora no acervo: Freelarmônica; Divina Increnca; Língua de Trapo; Premeditando o Breque; O violão brasileiro, de Flávio Apro e outros.

Orquestra Armorial: Gavião

Essa orquestra fez parte do Movimento Armorial, que se propunha a integrar as tradições nordestinas às formas de expressão da cultura erudita. Temos cinco álbuns da Orquestra e dois do Quinteto Armorial.

Villa-Lobos: Erosão (Festival 1975)

Com a Orquestra Sinfônica Brasileira; sob a regência de Sérgio Magnani. Gravado ao vivo na Sala Cecília Meirelles.

Kaapor: cantos e pássaros não morrem

Álbum duplo gravado pelo antropólogo Etienne Samain e pelo Instituto de Artes da Unicamp, trazendo registros da música dos Kaapor para flauta, voz e percussão.

Tenório Jr.: Embalo

Único álbum do músico preso por engano na Argentina durante a ditadura, torturado e morto. Sua história inspirou o personagem interpretado por Rodrigo Santoro no filme Os desafinados.

Futuros mestres em música do curso de mestrado em música da UFRJ: 1848-1988

Obras de compositores brasileiros importantes interpretados por alunos da UFRJ. Além deste álbum, temos outros dois da mesma série de gravações.

Creole fiestas of the Antilles

Música das Antilhas, interpretada pelo grupo Les Bélaisières et les Doudous de la Grande Terre.

Monumento da música popular brasileira: Os pioneiros, v. 2: Bahiano

Bahiano, apelido de Manoel Pedro dos Santos (1870-1944), foi um cantor popular que gravou o primeiro disco brasileiro, intitulado Isto é bom. Gravou marchinhas de Carnaval, com “Ai, Filomena” e sambas como “Pelo telefone”, presentes nesta coletânea.

Leia também:


Nossos discos no Dédalus

05/12/2022

O acervo de gravações sonoras da Biblioteca da ECA, que até poucos meses atrás era cadastrado apenas na base Sonora, um catálogo local, começou a ser registrado no Dédalus. A base Sonora vai continuar acessível e, futuramente, será substituída por uma outra base mais moderna, mas não será mais alimentada. Os discos e CDs ficarão registrados apenas no Dédalus.

Por enquanto, temos 82 registros cadastrados (discos completos e/ou faixas), mas esse número deve crescer rapidamente. A busca no Dédalus é semelhante à busca dos demais materiais: basta procurar por um elemento qualquer, como título, compositor, intérprete, instrumentos etc.

Importante: para recuperar apenas gravações, musicais ou não, devemos usar o filtro Gravação de Som em Tipo de Material. O filtro não é CD. Para localizar todas as gravações já catalogadas, é só selecionar o filtro Gravação de Som e deixar em branco a expressão de busca, como na imagem abaixo.

E por que demoramos tanto a entrar esse acervo no Dédalus? Por duas razões principais:

  1. Pensávamos em migrar os registros de nossa base de dados para o Dédalus, automaticamente, mas isso não será possível. Em nossa base, a maioria dos discos e CDs são catalogados música por música e isso exigiria edições manuais em cerca de 14.000 registros, para possibilitar o empréstimo dos materiais. Infelizmente, não temos pessoal para realizar essa tarefa.
  2. O Dédalus não é um bom catálogo para materiais audiovisuais como filmes, imagens e gravações sonoras. Há muitos problemas a serem resolvidos no sistema. Entretanto, decidimos começar o cadastramento mesmo assim, já que a solução para esses problemas ainda deve demorar.

Por outro lado, o Dédalus tem um recurso interessante para a catalogação de discos com várias músicas: as analíticas. Funciona assim: a partir do registro do disco inteiro, clicamos nos links que remetem às faixas (e vice-versa). O único problema é o nome não muito amigável desses links: “uplink” e “down”. Vamos pedir para mudar isso!

Vejam como ficou:

Clicando no link “down” do registro, abrimos cada uma das músicas que o CD traz:

E clicando no “Uplink”, voltamos a ver as informações do CD.

Nosso acervo de gravações em CD e vinil contém obras de alta qualidade, criteriosamente selecionadas. Venham conhecer.


Vinil

21/09/2020

A coleção de discos da Biblioteca da ECA já tem mais de 11000 mil volumes, entre CDs, discos em vinil e até uma pequena quantidade de fitas cassetes. Os discos em vinil, que começamos a adquirir assim que a Biblioteca foi criada, correspondem à metade da coleção, aproximadamente. 

Temos cópias em CD de boa parte deles, mas muitos ainda repousam exclusivamente em seus suportes originais e não foram registrados na base de dados. Um espécie de tesouro escondido, na verdade. Vamos mostrar algumas capas desses discos. Se vocês gostarem, anotem para pegar emprestado (CD) ou ouvir lá na Biblioteca (vinil), quando a pandemia estiver controlada e pudermos, finalmente, retomar o que ficou interrompido.

Talvez alguns desses discos estejam disponíveis em algum lugar da internet. Talvez não!

Somente em vinil

Somente em vinil

Em vinil e CD

Somente em vinil

Em vinil e CD

Somente em vinil

Em vinil e CD

Somente em vinil

Somente em vinil

Somente em vinil

Somente em vinil

Somente em vinil

Somente em vinil

Somente em vinil

Em vinil e CD

Leia também:

Ouvindo vinil na Biblioteca da ECA

https://bibliotecadaeca.wordpress.com/2013/11/04/ouvindo-vinil-na-biblioteca-da-eca/

Antigamente era assim

https://bibliotecadaeca.wordpress.com/2020/06/15/catalogacao-manual-discos/

Curtindo capas

https://bibliotecadaeca.wordpress.com/2012/04/25/curtindo-capas/

 


Antigamente era assim

15/06/2020

Hoje, quando queremos ouvir uma canção ou uma sinfonia que não temos em nossa coleção particular de discos ou CDs, fazemos uma busca e chegamos ao Youtube ou a um serviço qualquer de música por streaming. Muitos nem têm mais coleções em suporte físico, ou não se dão ao trabalho de procurar nelas.

Antigamente, aqueles poucos que tinham sorte de ter acesso a uma biblioteca como a da ECA, que possui há muitos anos uma excelente coleção de discos em vinil, CDs e fitas cassetes, procuravam no catálogo da biblioteca. E como as bibliotecárias faziam para criar um catálogo quando ainda não existiam bases de dados e internet? Na verdade, no caso da Biblioteca da ECA, quando não havia nem microcomputadores?

Bem, era mais ou menos assim:

frente

verso

Uma bibliotecária (ou bibliotecário) analisava a capa, encartes e rótulos do disco e transcrevia a informações importantes para uma ficha, de forma organizada e seguindo determinadas regras para garantir a padronização das informações. Observem que eram registrados os dados gerais do disco, como título, gravadora, data, série etc, e cada uma das faixas. 

Essa ficha, que chamávamos de matriz, era de tamanho 10 x 15 cm, bem maior do que as fichas geralmente usadas em catálogos de bibliotecas, para poder mostrar os dados com clareza. Mesmo assim, muitas vezes era necessário usar o verso,ou mesmo duas ou três fichas, para álbuns com vários discos ou conteúdo muito extenso. 

Mas não era só isso. Fazíamos também uma ficha pequena, 7,5 por 12,5 cm, para cada uma das peças musicais contidas nos discos. Mais ou menos assim:

As fichas pequenas eram organizadas em ordem alfabética de sobrenome de autor, para que fosse possível localizar a música que se queria ouvir. Se o pesquisador quisesse, também poderia consultar a ficha matriz,  antes de pedir o disco, para ver o conteúdo completo. Tanto as matrizes quanto os discos eram ordenados pelo seu número de localização – no exemplo, D39. Também era feitas fichas para os intérpretes, série, meio de expressão e país de origem dos compositores. No verso da ficha matriz eram indicados quais os desdobramentos – era como se chamavam as fichinhas por autor etc – feitos para cada disco. Isso importante para podermos localizar todo o conjunto de fichas ligadas a um disco, se fosse necessário fazer uma correção ou acrescentar o código das cópias em fita cassete, quando o disco era reproduzido (Fc60, no exemplo).

As bibliotecárias preparavam o rascunho manuscrito das fichas matrizes e passavam para seus auxiliares datilografarem e prepararem os desdobramentos.

E, além disso, para fazer uma boa catalogação, era frequentemente necessário fazer pesquisas para completar dados das capas e rótulos, nem sempre muito corretos. 

E todo esse enorme trabalho nem sempre resolvia os problemas de quem pesquisava.  Não era possível, por exemplo, localizar uma obra específica sem saber o nome do compositor ou procurar por número de opus. Também era impossível fazer buscas cruzadas e localizar todas as obras de um compositor interpretadas por um solista ou grupo específico.

Atualmente o trabalho de catalogação de discos está um pouco mais simples e eficiente, já que o registro é feito numa base de dados e a busca pela internet tem praticamente todos os recursos necessários. Mesmo assim, catalogar cada disco, música por música, é uma tarefa demorada. Por esse motivo, muitos discos catalogados por processos manuais ainda não entraram na base de dados. Nosso velho fichário continua disponível, e deve ser consultado sempre que uma determinada gravação não for localizada na base de dados. Funciona, acreditem!

E não deixem de consultar nosso acervo. Temos gravações raras, que nem sempre estão disponíveis na internet.

Vejam mais algumas fichas de antigamente:

O primeiro álbum, comprado em 1971

verso

 

Este post só foi possível porque nossa funcionária Ana Paula levou as fichas para casa e está digitalizando todas.


Todos os discos de 2017

22/01/2018

No ano passado entraram para nosso acervo de gravações e já estão catalogados 149 novos CDs. Como fazemos a catalogação música por música, foram 593 novos títulos colocados ao alcance dos ouvidos do público interessado em música que frequenta a Biblioteca da ECA.

Música popular

São 22 CDs de música popular, entre os quais:

Paisagens, de Ivan Vilela – acompanha o livro Cantando a própria história: música caipira em enraizamento. CD3172

Yrupa purahéi: canções das margens do rio. Purahéi Trio. CD3199

Norton recorded anthology of western music, volume 2: classic to Twentieth Century, disco 11 – CD3310

Violas da minha terra, violas de canto a canto. Moacir Laurentino e Sebastião da Silva – CD3305

Concertando o choro. (Série Grandes clássicos em ritmos de choro) CD3303

Três canções de Tom Jobim. Ná Ozzetti e André Mehnari – CD3208

Música erudita

As gravações de música erudita, segmento mais forte do nosso acervo, foram maioria em 2017. Entre os novos CDs, destacamos:

Ultimate Berlioz (caixa com 5 CDs) – CD3228/32

Integral dos quartetos de cordas de Camargo Guarnieri. Quarteto Camargo Guarnieri. Academia Brasileira de Música – CD3177

Simon Rattle: Russian music (caixa com 8 CDs) – CD3254 a CD3261

Adventures in early music : the history of period performance practice – CD3188

Fraterno: Ernani Aguiar, H. David Korenchendler (obras para: piano solista; coro; voz solista e violoncelo) – CD3194

Choros de Guerra-Peixe. Grupo Picadinho da Velha. CD3204.

Um requiem para Waldemar. Obras de Waldemar Henrique, por vários intérpretes – CD3207

Música latino-americana para piano:  Villa-Lobos,  Alberto Ginastera, Camargo Guarnieri, Aurélio de La Vega e outros – CD3221

Antonio Vivaldi: L’estro armonico: 12 concerti –  CD3236/7

Bach: les six suites pour violoncelle : BWV 1007-1012 – CD3238/9

Ninna Nanna.  Montserrat Figueras, soprano (coletânea de canções de ninar)  – CD3241

Vamos parar por aqui, porque listar todos seria muito demorado e nada prático. Quem tiver curiosidade de acessar a relação completa do material, basta entrar na base de dados Gravações (disponível em nosso site) e digitar 2017$, assim mesmo, com o cifrão após o número.

Link para a base de dados:

http://www.eca.usp.br/biblioteca-bases/sonora/search.htm

Lembretes:

Os CDs e discos em vinil ainda não estão no Dédalus! Procure sempre na base de dados do link acima.

Além do acervo físico, assinamos a base de dados Classical Music Library, com gravações para ouvir online, disponível pela interface do SIBi.

 

 

 

 

 

 


Música brasileira na Biblioteca

22/08/2016

A maior parte do nosso acervo de discos é de gravações de música erudita, já que nosso objetivo principal é atender às necessidades do curso de música da ECA. Mesmo assim, já temos quase 1200 registros de música popular brasileira cadastrados em nossa base de dados.

A coleção é bastante diversificada e não obedece à nenhuma diretriz rígida. Procuramos priorizar música de boa qualidade ou importância histórica, mas eventualmente atendemos a demandas para estudos específicos. Por exemplo, o professor que está pesquisando música rotulada como brega de uma determinada época. Veja no link abaixo uma amostra:

música popular Brasil

Temos coletâneas ligadas a uma época, momento histórico, gênero ou movimento musical, como:

Revolução de 30: uma visão através da Música Popular
Localização: D1893

Prepare o seu coração: a história dos grandes festivais
Localização: CD1109; XCD0894

Tropicália
GIL, Gilberto; VELOSO, Caetano; Os Mutantes; LEÃO, Nara; COSTA, Gal
Localização: D4596; XCD0782

Tropicalia

Moxotópolis : Nas quebradas do sertão
Localização: D4078; XCD1455

A música do cangaço
Localização: D3461; XCD0782

A música popular brasileira na vitrola de Mário de Andrade
Localização: CD1973; XCD1808

Jovem guarda pra sempre, ao vivo: 40 anos de jovem guarda
Localização: CD1641/2

Discos importantes

A Bossa no Paramount
Localização: D3791; XCD1244

Show Opinião – LEÃO, Nara Leão, Zé Kéti e João do Vale
D4595; XCD0549

Clara Crocodilo – Arrigo Barnabé – D2295; XCD0507

Arrigo Barnabé: Clara Crocodilo

Hermeto Pascoal ao vivo em Montreux – D1930/1; XCD0104

Embalo – Tenório Jr – D3792 (o único LP gravado pelo pianista brasileiro assassinado na Argentina durante a ditadura).

Discos da gravadora Marcus Pereira

Bumba, meu queixada!
Teatro União e Olho Vivo
D4893; XCD2087

bumba

Música popular do Centro-Oeste / Sudeste, 1
D0671/4

Música popular do Nordeste
Localização: D0065/8

Música popular do Norte, 1
Localização: D0923/6

Música popular do Sul, 1
Localização: D0667/70

Lira Paulistana

Selo do teatro de mesmo nome, que lançou diversos músicos da chamada Vanguarda Paulistana, nos anos 1980.

ASSUMPÇÃO, Itamar, 1950-2003
Beleléu e Banda Isca de Polícia
D2297; XCD0479

Bailarina
ESTEVÃO, Eliana
D2305; XCD0479

A Divina Increnca
D2298; XCD1059

A flor de plástico incinerada
Grupo Um
D2352; XCD0619

Freelarmônica
D2353; XCD0619

Grupo Um: Marcha sobre a cidade
D2355; XCD1083

Língua de Trapo
D2303; XCD1068

NAZÁRIO, José Eduardo, 1952-
Poema da gota serena
D2351; XCD0620

NEDER, Hermelino, 1955-
Hermelino e a football music: Como essa mulher
D4022; XCD1358

Pau Brasil
Conjunto Pau Brasil
D2359; xCD0097

Pé Ante Pé: imagens do inconsciente
D2304; XCD1069

Premê
DC0057; XCD0895

Premeditando o Breque: Quase lindo
D2348; XCD1094

CDs da Gravadora Núcleo Contemporâneo, doados pela própria gravadora

Arranjadores
Orquestra Experimental de Repertório; Maluf, Jamil; regente
CD2993/5

Bach Pixinguinha
SÈVE, Mário; FAGERLANDE
CD0830

BARNABÉ, Arrigo, 1952-
Gigante Negão
CD0828

Bonsai: desdobramentos
CD0826

Caminhos cruzados
ROCHA, Ulisses; violão; CARDOSO, Teco; saxofone e flautas
CD822

CARDOSO, Teco, 19– e MARCONDES, Caíto, 1954-
O cineasta da selva (trilha musical do filme)
CD0819

FARIA, Arthur de, 19–
Música pra gente grande
CD0831

Viva Garoto – Gravações originais
Localização: CD0816

GAROTO

GOES, Silvia
Piano à brasileira
CD0837

Ímã
SILVEIRA, Mané; saxofone; SWAMI JR; violão
CD0838

JOBIM, Antonio Carlos (Tom), 1927-1995
No Tom da história
CD0817

Luz das cordas
PEREIRA, Marco; violão; HOLANDA, Hamilton de; bandolim
CD0825

Ná Ozzetti
CD0815

Orquestra Popular de Câmara
CD0829

TAUBKIN, Benjamin
A terra e o espaço aberto
CD0839

Teco Cardoso e Léa Freire: quinteto
CD0827

TERRA, Mozar
Caderno de composição
CD0835

Toadas de Bumba-meu-boi
Grupo Cupuaçu
CD0820

VASCONCELOS, Naná (Juvenal de Holanda), 1944-
Fragmentos: modernas tradições
CD0836

Violeiros do Brasil
CD0821

A música popular brasileira antiga, sobretudo dos anos 1930 e 1940, está representada pela série de regravações da série Revivendo: Francisco Alves, Noel Rosa, Vicente Celestino, Orlando Silva, Carmen Miranda, Ataulfo Alves, Ismael Silva e Sinhô estão presentes.

Música de carnaval, samba, choro e música instrumental contemporânea como a de Lelo Nazário – que nos doou toda a sua discografia – também fazem parte da na coleção.

Ainda temos muitos discos em vinil, que não podem ser emprestados, mas estão disponíveis para audição na Sala de Áudio da Seção de Audiovisual. Já os CDs, tanto os originais quanto as cópias do acervo em vinil, podem ser emprestados (com algumas exceções).

Para localizar uma gravação, consulte nosso catálogo. Procure por autor, título, intérprete e meio de expressão (instrumentos e vozes). Para ver tudo o que temos de música popular brasileira, é só digitar popular * brasil na caixa de busca.


Ouvindo vinil na Biblioteca da ECA

04/11/2013

Bibliotecas às vezes guardam tesouros que muita gente não conhece, e a nossa não é exceção. Temos vários. Um deles é a coleção de discos em vinil, que começou junto com a Biblioteca da ECA, no início dos anos 1970.

Atualmente são 5186 discos, todos em ótimo estado de conservação. Como o acervo foi montado para atender, prioritariamente, às necessidades do curso de Música da ECA, a maioria dos discos é de música erudita, de várias épocas, estilos e países. Mas há também, embora em menor quantidade, discos de música popular brasileira e estrangeira, e música folclórica de várias regiões.

Muitos discos são raros e não foram relançados em CD, o que os torna difíceis de serem encontrados em outros locais. Recebemos, ao longo dos anos de existência da coleção, doações de colecionadores importantes, muitos deles professores da Escola.

Os discos em vinil não podem ser emprestados, devido à fragilidade do suporte e à raridade de muitos títulos, mas a Biblioteca oferece empréstimo de uma cópia em CD aos usuários da ECA, alunos, professores e funcionários.

Os entusiastas do som do vinil também podem ouvir os discos de sua preferência na Sala de Áudio da Biblioteca. Não é necessário reservar, se a sala estiver disponível, basta solicitar o serviço no balcão de atendimento da Seção de Audiovisuais. Não é necessário ser usuário ECA para curtir o som do vinil, o serviço de audição é oferecido a todos os usuários.

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E para saber o que temos? Bem, há duas formas de localizar discos. A mais simples é procurando em nossa base de dados de Gravações, que pode ser acessada pelo site na Biblioteca, no link:

http://www.eca.usp.br/biblioteca-bases/sonora/search.htm

Dá para pesquisar pelo nome do compositor, título da música, nomes dos intérpretes (solistas, regentes, orquestras etc) e pelo meio de expressão da obra (instrumentos, vozes, grupos vocais e instrumentais). Há também um filtro pelo país de origem do compositor. Dá para localizar, por exemplo, música para violino de compositores brasileiros. Veja a tela:

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Um cuidado: como mecanismo de busca é antigo, é necessário digitar um asterisco entre uma palavra e outra, quando se faz a busca usando mais de uma palavra. Por exemplo:

Villa*lobos
Flauta*mágica
Piano*orquestra

Não é tão difícil, a gente se acostuma.

E a outra forma de busca? Bem, essa é mais complicada. Como nem todos os discos em vinil estão cadastrados na base de dados, poderá ser necessário fazer a pesquisa no fichário de discos da Seção de Audiovisual. Portanto, não desista. Se aquele disco em vinil que você adoraria ouvir novamente não vier na busca pelo site, tente procurar no fichário. Pode ser uma experiência nostálgica interessante, e não é difícil. Em caso de pânico, peça ajuda aos funcionários.

Outros posts deste blog já trataram do assunto vinil, confira:

Curtindo capas
https://bibliotecadaeca.wordpress.com/2012/04/25/curtindo-capas/

A volta do vinil na Biblioteca da ECA
https://bibliotecadaeca.wordpress.com/2010/09/21/a-volta-do-vinil-na-biblioteca-da-eca/

Biblioteca da ECA no Musimid
https://bibliotecadaeca.wordpress.com/2011/09/21/biblioteca-da-eca-no-musimid/


Música para todos

05/11/2012

No acervo de música da Biblioteca da ECA existe música para todos os gostos. Temos Mozart, Bach, Gilberto Mendes e Villa-Lobos , mas também temos Xangô da Mangueira, Bessie Smith, Capiba, Nara Leão, Raul Seixas, Arrigo Barnabé, Beatles e Ataulfo Alves.

O pessoal da Seção de Multimeios, onde fica o acervo e os equipamentos para audição, tem o costume de expor uma seleção de estojos de CDs para mostrar um pouco da variedade do acervo.

Quase todos os CDs podem ser emprestados aos usuários da ECA que, para isso, precisam ter em mãos o cartão da Biblioteca (aquele em papel), pois o material ainda não está no Dédalus. Parte do material, principalmente aqueles discos que acompanham livros do acervo, já está no Dédalus e pode ser emprestado também por usuários de outras unidades da USP. E todo o acervo está acessível para audição local, até mesmo os discos em vinil.

 

Se você gosta de música e valoriza gravações de qualidade e bem conservadas, venha conhecer essa coleção. Uma espiada nos expositores da Seção de Multimeios pode levar a descobertas bem interessantes.

Consulte o catálogo dos CDs e discos em vinil no site da Biblioteca:

Gravações

 


Colocando os discos em ordem

27/10/2011

por Marina Macambyra

Muita gente nos pergunta como a Biblioteca da ECA organiza seu acervo de discos, porque gostaria de arrumar sua coleção particular de forma correta.

Na verdade, são duas perguntas e duas respostas. A forma de organização de uma biblioteca pode não ser a mais adequada para uma coleção particular.
Nossa Biblioteca tem mais de 9.000 discos, e atende a um público grande e heterogêneo, que precisa localizar discos por compositor, intérprete, arranjador, auto de texto, título do disco, título das músicas, meio de expressão e assunto, pelo menos. Para isso é necessário uma base de dados com estrutura bastante complexa. A ordem dos discos nas estantes é o que menos importa, porque não é isso que vai responder às questões dos usuários.
Para uma coleção menor e que atenda apenas ao seu proprietário, a melhor solução é organizar fisicamente os discos por alguma lógica que permita encontrar os discos sem precisar de um catálogo ou base de dados, coisa sempre difícil de ser preparada.


Se você tem uma coleção grande e necessidades semelhantes às de uma biblioteca, não tem jeito. Você vai precisar contratar um profissional para fazer o trabalho, e esse profissional se chama BIBLIOTECÁRIO. Pois é, bibliotecários também sabem organizar discos, filmes, fotografias, além de livros. Contrate um ou uma, explique direitinho o que você precisa e peça uma forma de organização que você consiga manter depois. Sim, porque sua coleção vai continuar crescendo e esse profissional, em princípio, não vai ficar morando com você.
Mas se você tiver entre 500 e 1000 discos, digamos, e não for muito obsessivo em relação à ordem, posso dar algumas sugestões. Mas antes, dois  alertas:

1.  Não existe uma única forma correta para organizar discos. Vai depender da sua necessidade e das suas possibilidades.
2.  Organização perfeita também não existe. Algum nível de improvisação sempre será necessário.

Classificando a coleção

Separe seus discos em categorias gerais. Por exemplo: Música Popular, Música Erudita, Trilha sonora de filmes e programas de TV. Provavelmente será necessário subdividir essas primeiras categorias:
Música popular
      Música popular brasileira
       Outros países
        ou
Música popular
        Vocal
        Instrumental

É possível ir fazendo outras subdivisões hierárquicas conforme a necessidade e subdividir a música popular brasileira em ritmos e gêneros, por exemplo, mas tenha cuidado. Quanto mais subdivisões a gente inventa, mas difícil se torna a manutenção do sistema. Tente manter no máximo três níveis, mesmo que seja necessário deixar no mesmo nível categorias que deveriam, pela lógica, ficar uma dentro da outra.
Os pequenos problemas de classificação logo vão aparecer. Alguns discos se encaixam em mais de uma categoria, outros não se encaixam em nenhuma. As bibliotecas e as lojas de discos também têm esse problema da realidade que sempre teima em fugir aos esquemas. O disco da Sarah Vaugham cantando música brasileira fica onde? A opção pelo intérprete é a mais usual, mas não é obrigatória. Decida o critério e procure manter o mesmo para outras situações semelhantes. E as coletâneas que têm um pouco de tudo? Invente a categoria Coletâneas ou force a barra e classifique na categoria que predomina no disco (se houver uma), ou  onde se encaixam suas músicas prediletas, porque não existe uma fórmula certa para resolver o problema.
Inventar suas próprias categorias pode ser divertido, mas considere a opção de usar um sistema já testado. Copiar ou adaptar a organização de uma loja de discos que tenha uma solução interessante ou uma classificação de biblioteca pode ser uma boa ideia.
Vejam, por exemplo, o esquema usado pela Discothèque de France, e minha própria versão, traduzida e adaptada:
0 Música popular do mundo
000 Antologias
010 África Negra
020 Magreb, Oriente Médio, Ásia Central
030 Extremo Oriente
040 América do Sul (menos Brasil)
050 Antilhas e América Central
052 Reggae, raggamuffin, dub, ska
060 América do Norte
070 Europa meridional e oriental
080 Europa setentrional, central, ocidental
090 Música brasileira
091 Samba
092 Caipira e música de raiz
093 Bossa Nova
095 Canção brasileira
Essas classes podem ser subdivididas por país.
1 Jazz
110 Blues
115 Gospel, spirituals
180 Soul, rhythm and blues, funk
2 Rock
3 Música erudita
Antologias
300 Antologia geral
301 Canto gregoriano
302 Idade Média, Ars antiqua, Ars nova
303 Renascimento
304 Barroco
305 Época clássica
306 Romantismo e pós-romantismo
307 Final do Século 19
Recitais
310 Pianos
320 Cravos
330 Órgão
340 Cordas
350 Harpas e liras
360 Violões e alaúdes
370 Madeiras e sopros
380 Metais
390 Percussão
398 Orquestra e regentes
399 Vozes e coros
Dividir por instrumentos específicos, se necessário.

Gêneros musicais
300.10 Música de câmara
.11 Música para 1 instrumento
.19 Concerto
.20 Música sinfônica
.24 Sinfonia
.28 Música e suíte para balé
.30 Música vocal profana
.35 Ópera (integral e excertos)
.37 Opereta
.40 Música vocal sacra

4 Música do século 20
.10 Música de câmara
.20 Música sinfônica
.30 Música vocal profana
.40 Música vocal sacra
.50 Open musique

5 Diversos
511 Comédia e filmes musicais
520 Trilhas de filme e televisão
530 Hinos diversos
550 Expressão corporal, ginástica, relaxamento
551 Danças folclóricas
560 Música pitoresca, fanfarra, música de circo
570 Música de ambientação
572 Música de dança popular, tango, valsa
580 Música para cerimônias : casamentos, funerais
590 Sons diversos, ruídos, animais

Muito complicado? Veja uma proposta mais simples:

Minha sugestão

Música popular
Divisão geográfica: países, continentes, regiões, estados (o que for mais conveniente). Se for interessante, usar a tabela da Discothèque de France. Esse tipo de divisão só é útil para quem tem um acervo grande e eclético, com música de muitos países.
Subdividir por:
Gêneros, ritmos e movimentos específicos
Trilhas de filmes, peças teatrais, programas de TV
Música para dançar
Música para crianças
Cantores solistas, cantores compositores
Antologias de um único compositor (songbooks)
Música instrumental

Quem não usar a divisão geográfica, pode classificar somente de acordo com as categorias acima. Depende do gosto.

Música erudita: usar a tabela da Discothèque de France.

Talvez seja necessário criar algum tipo de código para cada uma dessas categorias, para poder identificar cada disco com uma etiqueta. Facilita a guarda, evita confusões. O código pode ser numérico, alfabético ou alfa-numérico, mas precisa ser simples.
Muita gente gosta de trabalhar com cores. Dá para identificar cada categoria com uma cor e botar uma etiqueta da cor correspondente? Dá, mas cuidado. Cores são boas para decorar e, no máximo, para sinalizar, não para organizar. Você corre o risco de esgotar as cores nitidamente diferentes, ou de começar a confundir laranja com vermelho. Números costumam ser mais eficientes para esse tipo de coisa.

O esquema da Discothèque parece baseado na Classificação Decimal de Dewey (CDD), bastante utilizada em bibliotecas para classificar acervos de livros. Estou preparando uma versão resumida da parte de música dessa tabela, usando apenas as classes que considerei mais úteis para usar num acervo de discos. Se ficar interessante, publico num próximo post.

A ordem alfabética

Diante dos problemas que surgem ao classificar a coleção, a tentação de colocar tudo em ordem alfabética é grande. Parece uma forma de simplificar a tarefa, boto tudo em ordem alfabética e pronto. Pronto nada. Pode ser o começo dos problemas.
Ordem alfabética de quê? De título? Tente encontrar o título de todos os seus discos. De nome de artista? Qual, o intérprete ou o compositor? É sempre fácil identificar o responsável principal pelo disco, o nome pelo qual você vai ordenar? Outra questão: ordenar por nome, sobrenome ou pelo nome mais conhecido? São várias decisões que vão levá-lo, quase que fatalmente, a não lembrar onde colocou a Cyda Moreira cantando o Chico Buarque.

Se você pensa em usar a ordem alfabética, lembre-se de que quanto maior o universo, maiores serão os problemas de alfabetação. Por esse motivo, essa deve ser sua última forma de ordenação, a ser usada quando você tiver esgotado todas as possibilidades de divisões por categorias. E pense seriamente em colocar uma pequena etiqueta no disco com a letra escolhida para ordenação, para ajudá-lo a lembrar de que colocou o Tom Jobim no “T” de Tom, não do “J” de Jobim ou no “A” de Antônio.

Minha experiência pessoal é engraçada. Organizei minha pequena coleção particular de uns 300 discos, se tanto, da forma mais simples possível. Dividi os discos em Música Erudita, Música Popular Brasileira e Música Popular Internacional. Dentro de cada categoria, coloquei os discos numa única ordem alfabética de intérprete individual, banda ou conjunto, compositor e título. O intérprete foi o elemento escolhido quando se tratava de discos de um mesmo cantor, instrumentista ou grupo. Para as coletâneas de obras de um mesmo compositor – Songbook Noel Rosa, por exemplo – o disco foi ordenado pelo nome do compositor. O título foi escolhido quando era bastante evidente e me parecia o melhor elemento para definir o conteúdo gravado, por exemplo: Modinhas de amor (coletânea de modinhas antigas, de vários autores e intérpretes); Baile perfumado (trilha de filme).

Muito fácil, mas quando comprei diversos discos de tango, acabei juntando todos no “T” de tango, porque seria totalmente incapaz de lembrar os nomes de todos os artistas que não fossem Gardel e Piazzolla. O mesmo aconteceu com os discos de flamenco, o que deixou evidente a necessidade de criar mais subcategorias no meu acervo.

Além disso, sempre tenho dificuldades em encontrar aquela cantora de Cabo Verde que não é a Cesária Évora. Se eu tivesse sido menos bibliotecária e seguido minha tendência natural a agrupar as coisas por afinidades difusas e ecléticas, teria colocado a Mayra Andrade junto da Cesária, um nome que não esqueço. E a Maria Rita ao lado da mãe dela, e todos os músicos baianos enfileirados na mesma prateleira, Chico César perto de Zeca Baleiro. Uma ordem menos técnica, sem dúvida, mas talvez mais eficiente para essa situação específica. Por que não?

Armazenagem e conservação

A poeira, as altas temperaturas e a umidade relativa do ar são os maiores inimigos dos discos, tanto em vinil quanto em CD.
Qual o mobiliário ideal para guardar discos? Estantes ou armários de aço fechados seriam a solução mais adequada, mas na casa da gente pode ser difícil. São caros e comprometem a decoração. Por esse motivo a maioria das pessoas acaba optando por mobiliário de madeira. O problema é que a madeira é uma substância higroscópica, que absorve a umidade do ar.
Analise o ambiente de sua casa. É muito úmido? Seus armários que ficam fechados por muito tempo cheiram a bolor? Opte por estantes de madeira abertas e cuide bem da limpeza. Você não percebe sinais visíveis de umidade alta, mas a poeira que vem da rua é um horror? Talvez seja melhor guardar os discos em armários fechados, com o cuidado de abrir sempre as portas, para ventilar a coleção. Escolha mobiliário de madeira dura, de boa qualidade.


Discos em vinil não podem ser empilhados, precisam ficar na posição vertical. Nunca deixe seus discos tombados, vertical é vertical mesmo, sempre. Se precisar, use aparadores em forma de “L” para segurar a coleção, desses que as bibliotecas usam.


Mantenha seus discos sempre dentro das capas ou estojos e cuidado para não deixar suas impressões digitais na superfície de leitura. Para saber mais sobre conservação e limpeza de discos, veja indicações de bibliografia e textos esse outro post:

A volta do vinil na Biblioteca da ECA

Outras abordagens

Imagino que muita gente tenha outra concepção de organização de discos. Pessoas com mais conhecimento de música do que eu com certeza terão considerações a fazer sobre minhas sugestões de classificação. Se for o seu caso, faça um comentário, mande suas sugestões.
E você já teve uma experiência boa ou mesmo totalmente catastrófica organizando discos? Vale a pena contar tudo, pode ser útil para outras pessoas.


Biblioteca da ECA no MuSimid

21/09/2011

Participei da mesa-redonda Música e memória, do 7º. Encontro Internacional de Música e Mídia, representando a Biblioteca da ECA.
O CD com os textos dos palestrantes já está sendo catalogado e logo estará disponível para consulta.
Abaixo, o texto da minha apresentação, contando um pouco da história do nosso trabalho relacionado à documentação musical.


A Biblioteca da ECA e o tratamento dos documentos musicais

por Marina Macambyra

A importância dada aos documentos musicais e audiovisuais é uma das características mais marcantes da Biblioteca da Escola de Comunicações e Artes da USP, que começou a formar acervos desses documentos no final dos anos 1960. A Biblioteca desenvolve padrões próprios para o tratamento de gravações sonoras, partituras, imagens fixas e imagens em movimento. Os manuais criados para divulgação dessas metodologias estão publicados no website da Biblioteca. As novas regras internacionais de catalogação de documentos trazem boas perspectivas para a Biblioteca da ECA, pois sua forma de trabalho está mais próxima das novas normas do que das antigas.
1. Uma biblioteca para ver, ouvir e tocar
A Biblioteca da Escola de Comunicações e Artes da USP tem como uma de suas características mais importantes a forte presença de documentos audiovisuais no acervo, marca que a distingue no cenário das bibliotecas universitárias brasileiras. Os documentos audiovisuais e musicais correspondem a cerca de quarenta por cento do total do acervo, fato que, por si só, já a tornaria uma biblioteca universitária diferente.
Mas não se trata apenas de uma questão quantitativa. Na Biblioteca da ECA os documentos sonoros, as partituras, as imagens em movimento e os acervos fotográficos têm tanta importância para o pesquisador quanto os documentos textuais e recebem tratamento condizente com sua relevância para o usuário. Esses documentos não são vistos como anexos dos livros e teses, nem como simples ilustração, muito menos como produtos destinados exclusivamente ao lazer. A Biblioteca destina espaços e equipes de bibliotecários e técnicos exclusivamente para o armazenamento, tratamento documentário e difusão da documentação audiovisual.
O acervo atual de documentos musicais é composto por 9242 discos (em vinil e CD), 1533 fitas cassetes e 12152 partituras, em constante crescimento. Compramos regularmente novos documentos, com verbas destinadas à aquisição de material bibliográfico pela Reitoria da USP e agências de fomento, e recebemos doações em quantidades expressivas. Também fazemos reprodução de documentos, copiando em CD o acervo em vinil e fita magnética, para possibilitar a divulgação do material sem comprometer sua conservação. O material está catalogado de forma cuidadosa, adequadamente armazenado e conservado e, em sua maior parte, registrado em bases de dados acessíveis pela página da Biblioteca no website da ECA:
http://www3.eca.usp.br/biblioteca
2 Pioneiros
A Biblioteca da ECA começou a formar e a tratar acervos de documentos musicais logo em seu início, no final dos anos 1960, quando a Escola foi criada. Na época, discos e partituras ainda eram relativamente raros em bibliotecas. A questão que se apresentou logo de início é a mesma que ainda hoje preocupa os bibliotecários que trabalham com documentos audiovisuais: é possível tratar discos – ou partituras – com as mesmas técnicas e padrões criados para documentos textuais? E seria essa a melhor solução para um usuário tão especializado quanto os alunos e professores de música da ECA?

As normas de catalogação mais amplamente adotadas em bibliotecas foram criadas para tratamento de livros e posteriormente adaptadas aos demais tipos de documentos. Por esse motivo, não chegam a oferecer respostas aos desafios específicos do documento musical e tendem a frustrar o pesquisador. Foi essa percepção que levou a equipe encarregada de começar a organizar os discos e partituras da Biblioteca em seus primórdios a procurar outras soluções. A primeira ideia foi realizar um levantamento entre as bibliotecas e arquivos de música de outros países para descobrir como as instituições com acervo semelhante resolviam a questão. Mas a melhor solução veio do próprio público-alvo dos serviços, os alunos e professores de música da Escola. Foram as críticas e sugestões desse público que fundamentaram a decisão de criar um sistema próprio de catalogação e organização do acervo que, embora baseado em padrões existentes, priorizava atender principalmente às demandas do usuário (MILANESI, 1997).
Esses primeiros estudos conduziriam, alguns anos mais tarde, em 1978, à criação de um catálogo automatizado de partituras, desenvolvido pelo professor Denis Charalambos Stamopoulos e pela bibliotecária da Fonoteca, Ariede Maria Migliavacca. Foi a primeira base de dados da Biblioteca da ECA e, provavelmente, uma das primeiras de partituras do Brasil.
3 O Manual de catalogação de partituras
A metodologia desenvolvida pela Biblioteca da ECA para catalogação e indexação de partituras sempre despertou interesse de bibliotecários, músicos e outros profissionais envolvidos na organização de acervos musicais. Por esse motivo, decidimos transformar nosso manual interno de trabalho numa publicação destinada ao público em geral interessado no tratamento de partituras e publicá-lo. Esse manual está hoje disponível para download no site da Biblioteca, no endereço:
http://www3.eca.usp.br/biblioteca/manuais
O mesmo deverá ser feito com o manual de catalogação de discos, mas ainda não há previsão de data para sua publicação. Entretanto, os pontos mais importantes da metodologia de tratamento de partituras, como a descrição do meio de expressão e as regras para registro e normalização dos títulos também são válidos para as gravações musicais.
4 Projetos e experiências: SDP e LAM
Uma das experiências mais interessantes da Biblioteca da ECA no campo da documentação musical foi o Serviço de Difusão de Partituras (SDP), idealizado pelo professor Luís Milanesi. O SDP fornecia cópias de partituras dos compositores que enviavam suas obras em depósito, recolhendo para o autor uma porcentagem simbólica sobre cada cópia. Quando foi extinto, em 1989, o Serviço já reunia 1200 partituras de compositores, muitos deles desconhecidos, ao lado de nomes consagrados como Gilberto Mendes e Ernst Mahle.
Mais recentemente, a Biblioteca participou de um projeto de catalogação de manuscritos com o Laboratório de Musicologia do Departamento de Música. Estudantes de música, sob a orientação de docentes do Departamento, catalogaram a coleção de partituras manuscritas de música sacra mineira dos séculos 18 e 19, provenientes das cidades mineiras de Ayuruoca, Brasópolis, Campanha, Catas Altas e Barão de Cocais. Uma das bibliotecárias da equipe, Analúcia Viviani dos Santos Recine, participou do projeto para garantir a um mínimo de uniformidade entre os procedimentos da Biblioteca e do LAM, já que a catalogação de manuscritos feita por especialistas em música e o tratamento da informação da forma como os bibliotecários o entendem guarda diferenças significativas. Hoje, a após a incorporação à Biblioteca das coleções do LAM , o resultado desse trabalho está incorporado à base de dados da Biblioteca (RECINE e MACAMBYRA, 2006).
5 Conservação e preservação
Atualmente, as principais medidas de conservação dos acervos de discos e partituras ainda estão circunscritas à esfera da preservação dos suportes da informação. Podemos citar: armazenamento em estantes deslizantes de aço fechadas; realização rotineira de pequenos reparos e encadernação artesanal, na Oficina de Encadernação e Conservação da Biblioteca; encadernação comercial de partituras editadas; restauro eventual e digitalização de manuscritos e obras raras; criação e confecção de embalagens para conservação, também em nossa Oficina; higienização de documentos; migração de suportes (vinil e fita magnética para CD). Por enquanto, ainda não trabalhamos efetivamente com a preservação digital, mas já estamos nos preparando para isso.
Mais detalhes sobre o trabalho de conservação realizado pela Biblioteca em nosso blog:
https://bibliotecadaeca.wordpress.com/2010/04/13/a-conservacao-transformadora/

6 Perspectivas: Dédalus, FRBR, RDA
Nosso trabalho de catalogação e nossas bases de dados são experiências institucionais locais, desenvolvidas pela Biblioteca da ECA e até o momento não incorporadas pelo Sistema Integrado de Bibliotecas da USP (SIBi).
Nossos registros ainda não foram migrados para o Banco de Dados Bibliográficos da USP (Dédalus). Além das questões técnicas e políticas envolvidas, há outro empecilho à realização desse projeto: as diferenças de concepção no tratamento da informação entre nossa metodologia e os padrões de catalogação e formatação de dados da biblioteconomia tradicional. No Dédalus, por exemplo, ainda não existe um campo para uma informação fundamental para nós, que é o meio de expressão. As dificuldades não são tão grandes que não possam ser transpostas com algumas adaptações, mas os seus documentos musicais da Biblioteca da ECA ainda são minoria diante dos 2 milhões de registros do Dédalus, em sua maioria referentes a documentos textuais.
As regras de catalogação, entretanto, estão prestes a mudar. O RDA (Resource Description & Access) é um novo padrão para catalogação de documentos, concebido para o mundo digital e baseado no modelo dos Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos (FRBR), estudo desenvolvido pela International Federation of Library Association (IFLA) com o propósito de reestruturar os registros bibliográficos ( IFLA). Esse modelo promete trazer benefícios aos catálogos de documentos musicais, ao permitir a identificação de quatro entidades: obra, expressão, manifestação e item, enquanto a catalogação tradicional praticada nas bibliotecas tem seu foco apenas no item (VELLUCCI, p. 131). Além disso, a adoção desses novos padrões pelas bibliotecas da USP, se ocorrer, poderá ser interessante para a Biblioteca da ECA, cuja metodologia está mais próxima desse novo universo do que das regras tradicionais.

Referências
IFLA – INTERNATIONAL FEDERATION OF LIBRARY ASSOCIATIONS AND INSTITUTIONS. Functional Requirements for Bibliographic Records: final report. Frankfurt, 1997. Disponível em: . Acesso em: 29 jul. 2011.

MILANESI, Luiz Augusto. Memorial. São Paulo: L.A. Milanesi, 1997, 191p.

RECINE, Analúcia dos Santos Viviani; MACAMBYRA, Marina M. Manual de catalogação de partituras da Biblioteca da ECA. São Paulo: SBD/ECA/USP, 1998, 59p.

RECINE, Analúcia dos Santos Viviani; MACAMBYRA, Marina. A organização de acervos musicais na ECA/USP: as experiências da Biblioteca e do Laboratório de Musicologia do Departamento de Música. Revista Música, São Paulo, v. 11, p.143-154, 2006.

VELLUCCI, Sherry L. FRBR and music. In.: UNDERSTANDING FRBR: what it is and how it will affect our retrieval tools. Westport: Libraries Unlimited, 2007.