Revistas predatórias, de novo! Já falamos delas aqui, mas o assunto tem se imposto ultimamente. Relatos de pesquisadores recebendo convite para submeter como artigo um trabalho qualquer apresentado anos atrás num evento científico, cobrança de taxa, insistência no e-mail caso a pessoa ignore, aprovação para publicação bem mais rápida do que costuma ser… tudo isso são indícios fortes de se tratar de uma revista predatória.
Elas surgem se aproveitando de algumas características do movimento de acesso aberto e dos sistemas de avaliação de autores baseados em número de publicações. São normalmente publicações internacionais que têm como critério de aceitação de artigos o valor pago pelos autores apenas.
A ameaça das revistas predatórias não irá desaparecer enquanto usarmos número de publicações como critério de qualidade acadêmica. A cultura do publique-ou-pereça e a dificuldade em identificar publicações ilegítimas criam a tempestade perfeita.
Estudo de 2018 desenvolvido por pesquisadores da UFRGS citado neste texto da Revista Pesquisa Fapesp aponta que a presença dessas revistas na comunidade científica brasileira é pequena, mas o dado preocupante é a presença dessas revistas no sistema Qualis da Capes. Outros estudos detectaram a presença delas em serviços ligados às grandes editoras acadêmicas como Scopus e ResearcherID, ou no Doaj.
Ganham dinheiro explorando a inexperiência de alguns, e a má-fé de outros.
De um lado, há pesquisadores mal informados, em geral em início de carreira, que são atraídos pela facilidade em publicar nesses títulos, sem necessariamente se dar conta de que suas práticas são antiéticas. De outro, há os mal-intencionados, que conhecem a natureza desses periódicos e buscam inflar artificialmente sua produção acadêmica, frequentemente para obter promoções na carreira.
O que foi dito acima pode dar a entender que é uma tarefa fácil separar revistas predatórias das sérias. Mas não é bem assim, tanto é que já há empresas cobrando para quem queira ter acesso a uma lista de revistas predatórias. Ou recursos como Think. Check. Submit., que busca ajudar a identificar revistas e editoras confiáveis. Entre os serviços gratuitos, existe a famosa lista do bibliotecário estadunidense Jeffrey Beall, que cunhou o termo ‘predatory journals’. Beall usou mais de 60 critérios para classificar tais publicações; também há uma lista Yale University Libray, ajudam para quem busca um título específico na lista, mas fica difícil avaliar mais de 60 critérios.
Este artigo tentou deixar a tarefa menos inglória, reduzindo a 13 os critérios a se considerar, de modo que pudessem ser usados por pesquisadores e universidades, entre as características apontadas: erros gramaticais e de ortografia são comuns nos sites, imagens usadas são normalmente de baixa qualidade e distorcidas, usam e-mails como @gmail, @yahoo e não e-mails institucionais, prometem publicação rápida, depois da submissão etc.

Além de usar os critérios acima, outras dicas para evitar esse tipo de publicação seriam:
- buscar pelo título em bases de dados consolidadas (Web of Science, Scopus, Doaj etc.)
- buscar em listas de títulos suspeitos
- recursos como Think. Check. Submit
- E claro, peça ajuda `a sua biblioteca
O título deste post foi inspirado nesse aqui; os trechos citados vieram daqui e daqui