Acesso aberto: novas regras para pesquisas financiadas pela FAPESP

17/06/2019

Recebo auxílio da FAPESP e pretendo publicar um artigo vinculado à minha pesquisa. Há algo que eu precise saber?

Em 2019, a FAPESP publicou a Portaria CTA nº 01/2019, instituindo uma “política para acesso aberto às publicações resultantes de auxílios e bolsas FAPESP”. O texto da portaria diz que qualquer artigo ou comunicação resultante de financiamento parcial ou total deve ser depositado em repositório institucional, respeitando as políticas de acesso da publicação original. Portanto, autores de artigos que resultem de projetos financiados pela FAPESP devem divulgá-los em periódicos que permitam o arquivamento de uma cópia do trabalho em um repositório público.

Oh céus!!! Então eu só posso publicar meu trabalho em revistas de acesso aberto?

Não é isso. Você precisa disponibilizar seu trabalho no repositório da USP e pode, sim, publicar em revistas que não sejam de acesso aberto. Vamos entender melhor: no caso de pesquisadores vinculados à USP, o trabalho deve ser disponibilizado em nosso repositório institucional. Portanto, além de disponível na revista, seu trabalho estará no repositório da USP, o que na prática confere maior visibilidade a sua pesquisa, além de garantir que pesquisas financiadas com recursos públicos possam ser acessadas gratuitamente.

Então eu publico onde eu quiser?

Não é bem assim. Será preciso verificar a política da revista para a qual você pretende enviar o seu trabalho, pois as publicações têm políticas diversas, algumas permitem disponibilização em repositório após certo período, outras permitem disponibilizar o artigo sem a editoração da revista, etc. Para entender melhor, veja algumas das possibilidades:

  • O autor detém os direitos autorais e tem permissão para colocar cópias do artigo (pré-print ou post-print, conceitos que explicaremos logo mais) em um repositório ou em seu próprio site. Certas editoras exigem um período de embargo antes que o artigo fique em acesso aberto.
  • O artigo é publicado em uma revista de acesso aberto que pode ser acessada gratuitamente e o autor paga uma taxa de publicação. É permitido que cópias do artigo sejam arquivadas em outro lugar.
  • O autor publica em uma revista de acesso aberto sem que lhe sejam cobradas taxas. São tipicamente aquelas revistas dirigidas por associações ou sociedades profissionais e organizações sem fins lucrativos, universidades ou agências governamentais. Seu modelo econômico depende de contribuições e doações de membros.
  • Há aquelas revistas parcialmente financiadas por assinaturas, que fornecem acesso aberto apenas a alguns artigos para os quais os autores (ou o patrocinador da pesquisa) pagaram uma taxa de publicação, para que o trabalho fique disponível em acesso aberto.

Agora pense numa parte do fluxo que seu artigo segue desde a submissão à revista:

  • Você envia sua versão (o que é chamado de pré-print no linguajar técnico),
  • Os revisores leem e fazem recomendações de ajustes as quais você realiza e, assim, envia a nova versão com as alterações (essa versão é chamada pós-print, correspondendo ao conteúdo final, pronto para ser publicado),
  • O corpo editorial da revista elabora um documento final que segue o layout da revista (é o pdf, a versão do editor).

Você deve observar o que a revista permite que você disponibilize no repositório: o pós-print ou a versão do editor. Conforme a portaria da FAPESP, qualquer um dos dois é possível,  já o pré-print não é permitido, pois não corresponde, necessariamente, à versão final da obra.

Oh vida!!! E onde eu descubro tudo isso?

Tais informações podem ser obtidas na própria página da revista em que pretende publicar. Além disso, há ferramentas nas quais é possível pesquisar pelo título da publicação e verificar as condições que estabelece:

SHERPA/RoMEO – sinaliza com cores as políticas das diferentes revistas:

  • Azul: pode arquivar o pós-print ou a versão do editor
  • Amarelo: pode arquivar o pré-print
  • Branco: arquivamento não é permitido formalmente

Diadorim: elaborado pelo IBICT, é um diretório de políticas editoriais de revistas científicas brasileiras.

São os editores que cadastram as revistas nessas plataformas, portanto, se você procurar algo nelas e não localizar é porque não está cadastrada. Nesse caso, acesse a página da revista para buscar as informações.

Ufa, achei!! Já sei qual a política da revista, enviei meu trabalho e foi aceito. O que preciso fazer agora?

Parabéns pelo aceite para seu trabalho. Agora você irá enviar o seu trabalho para a Biblioteca da ECA, conforme solicitado no seguinte link: http://www3.eca.usp.br/biblioteca/producao-intelectual-formulario

Oh azar!!! Li tudo isso, até acredito que compreendi, mas, não me sinto segurx…

Fique tranquilx, esses processos novos causam estranhamento para  todos nós. Venha até a biblioteca e peça auxílio a um d@s bibliotecári@s . Estamos aqui para colaborar nessa tarefa.

 

Mais informações:

https://www.sibi.usp.br/noticias/como-cumprir-a-politica-de-acesso-aberto-da-fapesp/

 

Palestra “Política para Acesso Aberto às Publicações Resultantes de Auxílios e Bolsas FAPESP” –  Prof. Dr. Carlos Henrique Brito Jr., Diretor Científico da FAPESP

 


Doaj, periódicos de acesso aberto

13/05/2013

O número de periódicos de acesso aberto não para de crescer, aqui e acolá surgem serviços que agregam as políticas editoriais para acesso aberto, repositórios de universidades e outras instituições de pesquisa, diretórios de repositórios e de periódicos de acesso aberto. O Doaj, Directory of Open Access Journals, é uma base de dados de periódicos de acesso aberto, estão lá mais de 9 mil periódicos de todas as áreas, e claro, das áreas que nos interessam mais de perto, umas cobertas com mais generosidade, outras nem tanto.

DOAJ  Directory of Open Access Journals

O conceito de acesso aberto inclui a gratuidade e também a permissão para  “ler, baixar, copiar, distribuir, imprimir”, enfim, acesso integral a textos integrais, sem ter que pagar por isso. Os periódicos de acesso aberto também precisam adotar critérios para manter a qualidade: revisão por pares, ter um corpo editorial etc.

Se por um lado os periódicos de acesso aberto ainda não gozam do mesmo prestígio dos periódicos pagos, “Os artigos científicos publicados de forma aberta recebem, em média, 8% mais citações do que os restritos. Em países em desenvolvimento, como Brasil, Argentina e Rússia, esse percentual chega a 25%.”

Não é só o número de citações que pode ser usado como argumento a favor do acesso aberto. No Doaj o Brasil é o segundo país em número de periódicos adicionados, atrás apenas dos Estados Unidos. Só este ano já foram acrescentados 56 títulos brasileiros, no total são 857 títulos.

Experimente!

Alguns links sobre acesso aberto:

Acesso aberto na USP: http://www.acessoaberto.usp.br/

Em 2010 enviamos um questionário sobre acesso aberto aos nossos professores e publicamos o resultado em nosso blog:  https://bibliotecadaeca.wordpress.com/2010/10/25/panorama-do-acesso-aberto-da-producao-artistica-e-audiovisual-da-eca/

Roar – Registry of Open Access Repositories: http://roar.eprints.org/

Os trechos citados vieram daqui http://www.acessoaberto.usp.br/whatopenaccess/ e daqui http://www.doaj.org/doaj?func=loadTemplate&template=faq&uiLanguage=en.


A Biblioteca Digital da Produção Intelectual da USP: um novo caminho

29/10/2012

No dia 22 de outubro, durante o Simpósio Internacional sobre Rankings Universitários e Impacto Acadêmico na Era do Acesso Aberto, foi oficialmente apresentada à comunidade acadêmica a Biblioteca Digital da Produção Intelectual da USP (BDPI).

Esse novo serviço tem como objetivo principal aumentar a visibilidade da produção acadêmica da Universidade e tornar público e acessível o conhecimento gerado pelas pesquisas aqui desenvolvidas. Para alcançar esses objetivos, a BDPI permite o arquivamento não apenas de informações referenciais sobre a produção, como já fazem o Banco de Dados Bibliográficos da USP e a plataforma Lattes, mas dos documentos com seu texto completo.

Esse recurso não vai, de forma alguma, ferir os direitos dos autores e editores, pois o próprio docente definirá a forma de acesso aos seus artigos e outros trabalhos: aberto, restrito ou fechado. Dessa forma, o professor pode ter seus trabalhos na BDPI mesmo sem o acesso ao texto completo, se assim o decidir. A vantagem disso, além da visibilidade, é a garantia da preservação desses arquivos, pois a BDPI tem, entre suas diversas funcionalidades, a preservação digital.

Outro aspecto interessante da Biblioteca Digital é a possibilidade de acesso às estatísticas de uso, ou seja, o autor pode acompanhar a quantidade de acessos aos seus trabalhos de forma muito rápida e simples. E como o conteúdo da BDPI é recuperado pelo Google, espera-se que os documentos nela depositados tenham muitos acessos.

Nesse momento inicial a BDPI tem como conteúdo os artigos coletados pela equipe do Departamento Técnico do SIBiUSP nos portais Scielo e Web of Science referentes ao período 2008 a 2011 e os trabalhos do ano de 2011 cadastrados pelas quatro bibliotecas que participaram do projeto piloto, entre as quais a Biblioteca da ECA.

O próprio autor poderá, se assim o desejar, cadastrar e fazer upload de seus trabalhos na BDPI, pois o sistema é baseado no princípio do autoarquivamento, procedimento que agiliza a divulgação dos trabalhos. Naturalmente, se o professor preferir, os bibliotecários de sua unidade poderão se encarregar da tarefa. O cadastramento rotineiro da produção na Biblioteca Digital deverá começar em 2013, após a elaboração de manuais e capacitação das equipes bibliotecárias e dos próprios autores.

Futuramente a BDPI deverá incluir, além de outros tipos de publicações impressas, a produção artística e audiovisual dos nossos professores. A Biblioteca da ECA está trabalhando, junto à equipe do DT-SIBi, na definição da estrutura e características principais de uma biblioteca digital para produção audiovisual, sob orientação do professor Eduardo Morettin.

Em 2010 fizemos uma pesquisa sobre o tema “acesso aberto” entre os docentes da ECA/USP, cujo resultado foi divulgado no post Panorama do acesso na ECA. Na ocasião, todos os professores que responderam ao questionário acreditavam que o acesso aberto é uma forma de dar visibilidade à suas pesquisas e afirmavam que publicariam sua produção numa publicação de acesso aberto. Por esse motivo, acreditamos que a Biblioteca Digital da Produção Intelectual tem tudo para ser um sucesso em nossa Escola.

Resolução da USP nº 6.444, de 22-10-2012

Acesso Aberto na USP

Semana Internacional do Acesso Aberto na UNAM

Gabinete de Projetos Open Access dos SDUM

Open Access Week

Wiki Acceso Abierto


Panorama do acesso aberto na ECA

25/10/2010

Para identificarmos como os pesquisadores e professores da ECA entendem a questão do acesso aberto, tema discutido na XIII Semana do Livro e da Biblioteca deste ano, enviamos por e-mail 159 questionários aos pesquisadores e docentes. Obtivemos 16 respostas. Consideramos esta amostra significativa pois levamos em consideração a amostra mínima definida pelo PAQ2009 (Programa de Avaliação da Qualidade de Produtos e Serviços das Bibliotecas do SIBi/USP) que apontava 14 respostas como sendo um número significativo de respondentes para esta categoria.

 

Por onde anda o acesso aberto na ECA? Seguem abaixo os resultados obtidos de nossa pesquisa:

 

 

1) Enquanto autor, você acredita que o acesso aberto pode ser encarado como uma forma de aumentar visibilidade de sua pesquisa?

Comentários

  • Na medida que o acesso aberto não impõe restrições na localização, acesso e leitura da informação é um facilitador para visibilidade, além de aumentar a circulação do conteúdo entre usuários e formadores de opinião com muito mais facilidade.
  • O acesso aberto pode permitir que um número maior de interessados e pesquisadores possam ter contato com o material oferecido pelas blibiotecas.
  • Acho que a Internet, cada vez mais, será a grande fonte de informação científica.
  • Sou a favor da divulgaçao irrestrita da informação como forma de incrementar a produção de novos e melhores trabalhos científicos e culturais.
  • Acho muito relevante que se tome medidas concretas quanto ao acesso aberto, bem como ele seja propiciado de forma a resguardar o direito autoral.
  • Entendo que a produção científica deve chegar ao maior número de pessoas e instituições interessadas na pesquisa científica. Esse aspecto contempla tanto o autor, quanto a quem eventualmente estiver interessado em pesquisas de alto nível. Me parece que essa proposta de acesso aberto democratiza um pouco, apenas um pouco mais, o acesso ao conhecimento por parte da sociedade. Isto é bom, mas ainda é insuficiente. Quem realmente tem chance de resolver esse problema é o Estado, isto sim.
  • Para textos publicados em periódicos. Não para conteúdos de aulas formatados em apresentações.
  • Uma sociedade do conhecimento só será adensada com o amplo acesso às informações. Compartilhar é fundamental para a consolidação de uma sociedade democrática, sobretudo quando se trata de uma universidade pública.
  • Sim, desde que o acesso aberto seja acompanhado de estratégias de divulgação efetivas e de criação de processos colaborativos entre pesquisadores. Acredito que o conceito de acesso aberto inclui algo mais do que o simples depósito de arquivos referentes à pesquisa, e sim uma nova maneira de veicular e, portanto, produzir pesquisa. Considero a produção e veiculação da pesquisa como duas partes de um mesmo processo e chamo a atenção para a condição dos docentes como pesquisadores produtores e também como leitores de outras pesquisas.
  • O acesso não fica restrito a questões financeiras ou deslocamento até uma biblioteca.
  • A Web é uma imensa biblioteca aberta a todos que tem acesso a ela, e assim é um acervo visível a todos usuários.
  • A equação é simples, havendo maior publicidade, é de se esperar que haja mais visibilidade, e seus correlatos sequênciais – interesse, usos, inovação. E o ciclo se reinicia.
  • A divulgação da produção artística e científica (afinal a ECA é uma escola de comunicações e artes) deve encontrar formas de divulgação que não apenas as convencionais (impressas ou postadas), mas também na forma de exposições, feiras e simpósios abertos ao público.

2) Você veicularia sua pesquisa / produção numa publicação de acesso aberto?

 

3) Onde costuma divulgar o resultado de suas pesquisas?

 

 

4) Sua produção na universidade inclui trabalhos artísticos ou audiovisuais?

 

5) Se inclui, onde costuma divulgar esses trabalhos?

 

  • Concertos de música clássica em salas e teatros especializados.
  • Imprensa escrita e falada, internet.
  • Sites, Exposições, Redes Sociais, Palestras e Seminários.
  • No site do Projeto Temático.
  • Em galerias, bienais e festivais mas com muita dificuldade.
  • Sou sociólogo e trabalho fundamentalmente com texto, parte escrita da produção.
  • Tenho trabalhado apenas com apresentações ao vivo, eventualmente gravadas em DVDs não comerciais, programas para rádio ou TV, etc, muitas vezes divulgadas pelo nosso laboratório ou por outros participantes em sites como o youtube. Por trabalhar com canto coral, o caráter de acesso aberto há muito já vem sendo praticado, uma vez que cada coralista se encarrega de gravar e divulgar os concertos dos quais participou. De uns anos para cá temos incluído gravações de workshops e concertos em nosso blog: comunicantus.blogspot.com.
  • No currículo.
  • Como docente recém contratado, ainda não tenho produções relativas ao período de contratação. Mas divulgarei novos trabalhos pelos canais disponíveis na universidade.
  • Exposições realizadas em instituições públicas e particulares, em encontros e debates realizados com artistas, críticos, curadores e o público, em palestras e aulas para diversos públicos.

 


A ECA e o acesso aberto: reflexões iniciais

14/09/2010

A XIII Semana do Livro e da Biblioteca deste ano, que será realizada de 25 a 29 de outubro, terá como tema “Por onde anda o acesso aberto na USP?”. Nosso intuito é discutir até o dia do evento a questão do acesso aberto com a comunidade ECA.

Acesso livre (Open Access) é a disponibilização livre na internet da literatura científica, permitindo a qualquer pessoa ler, fazer download copiar, distribuir, imprimir, pesquisar ou referenciar o texto integral dos documentos.

O movimento de apoio ao Open Archives e ao acesso livre à informação surgiu em consequência das dificuldades encontradas pela comunidade científica mundial no acesso à informação científica. Concretizou-se de fato por meio de diversos manifestos, como as declarações de Bethesda <http://www.earlham.edu/~peters/fos/bethesda.htm>, Budapeste <http://www.soros.org/openaccess/index.shtml> e Berlim <http://oa.mpg.de/openaccess-berlin/berlindeclaration.html.>, além de manifestações de organizações não-governamentais e internacionais como da IFLA.

A proposta da OAI (Open Archive Iniciative) para a produção científica tem por objetivo eliminar um gargalo no processo da comunicação científica que desencadeou a chamada crise das revistas científicas. Assim, a OAI focou suas ações para promover o acesso livre como condição fundamental para o desenvolvimento científico. Dentre as principais ações foram destacadas a infra-estrutura tecnológica e o combate da lógica do acesso pago.

A questão é que a comunidade científica ainda não está suficientemente esclarecida de suas vantagens, sua função e da importância do engajamento para que essas iniciativas ocupem seu espaço.

Algumas questões precisam ser consideradas na gestão de conteúdos digitais online como a segurança, o armazenamento, a manutenção e os direitos autorais.

Os repositórios inserem-se no movimento OAI visando promover o acesso livre e irrestrito à literatura científica e acadêmica, favorecendo o aumento do impacto do trabalho desenvolvido pelos investigadores e instituições, e contribuindo para a reforma do sistema de comunicação científica.

Na USP, deve ser do interesse dos autores e coordenadores das unidades a divulgação da produção técnico-científica por meio de um arquivo digital institucional aumentando a visibilidade e acompanhamento dessa produção. Mas, e no caso da ECA onde há uma substancial presença de produções artísticas e audiovisuais?

Se a função precípua dos repositórios é permitir o acesso organizado e livre às publicações e a toda a produção científica, como proceder no caso da ECA onde a produção científica é tão diversificada? Pois temos professores que são músicos, cineastas, artistas plásticos, publicitários, jornalistas etc. É fundamental que nas políticas que serão instituídas para os repositórios seja levantada esta questão.

http://www.acessoaberto.usp.br/oa-usp/politica-institucional-de-informacao-na-usp/

http://www.gpopai.usp.br/wiki/index.php/Manual_do_Acesso_Aberto

http://www.ibict.br/ – Acesso livre à informação científica.