Cuidados com as normas

21/11/2023

A normalização de trabalhos acadêmicos é um pesadelo para alguns estudantes, mas, na verdade, não há motivo para tanto. Fazer citações, referências e formatar seu trabalho corretamente é menos complicado do que parece à primeira vista. Além disso, os bibliotecários podem ajudar a remover algumas pedras do caminho.

Para evitar problemas, é bom tomar alguns cuidados antes de começar:

  • Procure as normas corretas e atuais, em sua versão oficial. Lembre-se de que as normas da ABNT não são de acesso livre. O pessoal da USP pode encontrar as principais normas de documentação (veja lista no final deste post) pelo Portal GedWeb, acessível pela página de bases de dados da ABCD, ou entrar em contato com sua biblioteca.
  • Use manuais preparados e atualizados pela sua instituição. Manuais de outras universidades podem conter orientações que não são aceitas pelo seu curso ou programa. A USP tem suas Diretrizes da USP para elaboração de dissertações e teses – 4 .ed (2020) e várias faculdades têm seus próprios manuais. A Biblioteca da ECA tem um manual complementar às Diretrizes. Em caso de dúvida, se você não souber se está consultando o documento correto, consulte sempre sua biblioteca.
  • Muito cuidado ao buscar pelas normas da ABNT na internet. O risco de você topar com uma norma desatualizada ou com um manual de outra instituição é grande. Consulte o site da sua biblioteca ou peça orientação aos bibliotecários.
  • Aquele TCC ou tese do seu colega que ficou muito bom e foi bem avaliado talvez não seja o melhor exemplo de normalização. Surpresa! Sim, é verdade. Mesmo trabalhos muito bem feitos e que já foram aprovados por uma banca podem conter erros nas referências e citações.
  • Não copie para o seu trabalho referências de artigos publicados em revistas, porque as revistas estrangeiras usam outros estilos de normalização (APA, Chicago, Vancouver etc), diferentes da ABNT. Mesmo revistas brasileiras, eventualmente, adotam outros estilos ou fazem adaptações da ABNT. Não se pode misturar normas diferentes num trabalho acadêmico.
  • Nem sempre você vai encontrar nas normas e manuais um exemplo igualzinho ao documento que você precisa referenciar. Novos tipos de documentos surgem quase todos os dias, e as normas não se atualizam tão rapidamente. Às vezes precisamos elaborar nossa referência baseados num exemplo semelhante. Tudo bem, é assim mesmo que se faz!
  • Use gerenciadores de referências (Zotero, Mendeley, Endote) ou sistemas automáticos como o More para montar referências, mas não se esqueça de conferir se está tudo certo. Esses programas não são imunes a erros.
  • Por último: não exagere. Normas são importantes para deixar seu trabalho organizado e fácil de entender, para evitar acusações de plágio quando citar ideias alheias e para possibilitar que seu leitor localize os documentos que você usou por meio da sua referência. Normas não são leis, são orientações. Se você fizer pequenos erros, desde não comprometam os objetivos centrais das normas, ninguém vai reprovar você.
  • Na página Normalização do site da Biblioteca da ECA há diversos materiais que podem ajudar nessa tarefa.

As principais normas ABNT de documentação

Referências – NBR6023

Citações – NBR10520

Trabalhos acadêmicos – NBR14724

Projeto de pesquisa – NBR15827

Artigo em publicação periódica – NBR6022

Numeração progressiva – NBR6024

Sumário – NBR6027

Resumo – NBR6028


Paginando

07/03/2023

Onde colocar a paginação no trabalho? A partir de que página eu começo a numerar? Se o trabalho tem anexo, apêndice a numeração deve ser contínua? E quando tem mais de um volume, como faço? Essas são algumas das dúvidas que chegam quando se trata da paginação do trabalho acadêmico.

Foto: Flickr, duncan cumming, 68

As Diretrizes para apresentação de dissertações e teses da USP: parte I (ABNT) respondem a essas questões na página 14.

Todas as folhas do trabalho, a partir da folha de rosto, devem ser contadas sequencialmente. As folhas pré-textuais, embora contadas, não são numeradas.
A numeração é colocada a partir da primeira folha da parte textual (Introdução), inclusive as páginas de abertura dos capítulos, em algarismos arábicos no canto superior direito da folha; e no verso, no canto superior esquerdo.
No caso do trabalho ser constituído de mais de um volume, deve ser mantida uma única sequência de numeração das folhas ou páginas, do primeiro ao último volume.
Havendo apêndice(s) e anexo(s), as folhas dos mesmos devem ser numeradas de maneira contínua e a paginação deve dar seguimento à do texto principal.

A fonte usada para numerar as páginas, deve ser menor, normalmente 10 ou 11, assim como são menores as fontes de outras partes do trabalho, como ficha catalográfica, notas de rodapé etc.

Para versões corrigidas de teses e dissertações, se houver mudanças no número de páginas, a ficha catalográfica precisa ser refeita. Aliás, não apenas por isso, precisa ser refeita também por se tratar de um novo documento, informando se tratar da versão corrigida.

Foto: Flickr, MacKenzie-Campbell John, Number 90

Na versão impressa do trabalho, algumas pessoas ficam em dúvida, quando usaram apenas a frente da folha na impressão, se devem usar f. (folha) ou p. (página) para indicar a paginação na ficha catalográfica. Tanto faz. Até porque na versão digital esse problema desaparece. O ideal seria imprimir nas duas páginas da folha, para economizar papel e diminuir o tamanho e peso do trabalho, e é o que recomenda a ABNT NBR 14724, sobre apresentação de trabalhos acadêmicos.

Recomenda-se que os elementos textuais e pós-textuais sejam digitados ou datilografados no anverso e verso das folhas.

Ainda para monografias impressas, as seções primárias devem sempre começar em páginas ímpares, ou seja, na frente da folha.


Sumário

29/11/2022

O sumário, se vocês forem consultar no dicionário, significa um resumo dos pontos principais, só que, ao contrário de um resumo indicativo ou informativo (também elemento obrigatório de teses e dissertações), o sumário é um resumo itemizado, uma enumeração das principais seções. Ter isso em mente é importante na hora de dar títulos às seções de seu trabalho.

Para a ABNT NBR 6027, o sumário é uma “enumeração das divisões, seções e outras  partes de um documento, na mesma ordem e grafia em que a matéria nele se sucede.” Mas a norma sobre sumário precisa de uma outra norma para ser aplicada em sua integridade, a NBR 6024, sobre a “numeração progressiva das seções de um documento”. São normas interdependentes.

Recomenda-se que a subordinação dos itens do sumário seja destacada com a mesma apresentação tipográfica utilizada nas seções do documento.

ABNT NBR 6027

O sumário não é uma seção numerada, mas recebe o mesmo destaque tipográfico das seções primárias; deve ser o último elemento pré-textual e se sua monografia tiver mais de um volume, deve trazer “o sumário de toda a obra em todos os volumes, de forma que se tenha conhecimento do conteúdo, independente do volume consultado.”

Diretrizes… p.42

Para Umberto Eco, em seu fundamental Como se faz uma tese, o sumário deve ser uma das primeiras partes do trabalho a ser feita, pois serve como um plano de trabalho

Você se propõe um plano de trabalho, que assumirá a forma de um índice provisório. Melhor ainda se ele for um sumário onde, para cada capítulo, se esboce um breve resumo. Assim fazendo, esclarecerá para você mesmo o que tem em mente. Em segundo lugar, poderá propor um projeto compreensível ao orientador. Em terceiro lugar, verá se suas ideias já estão suficientemente claras.

p.81-2

Para fazer o sumário você vai precisar consultar:

  • ABNT NBR 6027 Sumário
  • ABNT NBR 6024 Numeração progressiva das seções de um documento

Recomenda-se também salvar como documento de consulta para todo o processo de elaboração da monografia as Diretrizes para apresentação de teses e dissertações da USP: parte I (ABNT). As normas citadas podem ser acessadas na nossa coleção bases de dados, procure por ABNT – Portal GedWeb. O livro do Umberto Eco e vários outros sobre metodologia científica podem ser encontrados em nossas estantes na classificação 001.43, ou seja, bem no comecinho do acervo.


Sem medo das normas

14/11/2022
The act of God

As palavras normalização e formatação assustar muitos autores de trabalhos acadêmicos. A sigla ABNT, então, essa virou sinônimo de pesadelo para alguns estudantes, que preferem até contratar um profissional para cuidar do assunto.

Mas, na verdade, não há razão para tanto medo. Formatar seu texto e fazer seus citações e referências de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas ( ABNT) não é o bicho de tese cabeças que muita gente imagina. E as universidades e faculdades têm profissionais que ajudam nessa tarefa de forma gratuita: os bibliotecários.

O primeiro passo é obter as normas necessárias. Não perca seu tempo procurando na internet, até porque o risco de encontrar uma norma desatualizada ou até mesmo uma norma que não é a que você realmente precisa é grande. As normas da ABNT não são gratuitas (com algumas exceções). Quem é da USP pode acessar um serviço chamado ABNT – Portal Gedweb, logado na rede VPN, e acessar as normas. Em caso de dúvidas, consulte sua biblioteca.

As normas de documentação mais importantes para quem está elaborando um trabalho acadêmico são as seguintes:

  • Referências – NBR6023 (2018, com 2 erratas publicadas em 2020)
  • Citações em Documentos – NBR10520
  • Trabalhos acadêmicos – NBR14724
  • Sumário – NBR6027
  • Numeração progressiva – NBR6024
  • Resumo – NBR6028
  • Projeto de pesquisa – NBR15287
  • Artigos – NBR6022

É importante conhecer e consultar o textos das normas sempre que necessário, mas existem diversos manuais e tutoriais que podem ajudar bastante no uso das normas, disponíveis na página Normalização do site da Biblioteca da ECA. O mais importante é o documento intitulado Diretrizes da USP para elaboração de dissertações e teses – 4 .ed (2020), que reúne instruções das normas mais importantes para o pesquisador. Embora sejam dirigidas aos autores de dissertações e teses, as Diretrizes também podem ser usadas para quem estiver fazendo um TCC ou qualquer outro trabalho de fôlego.

Na mesma página temos, ainda:

  • Manual de normalização da Biblioteca da ECA, que complementa as orientações das Diretrizes com orientações sobre referências e citações de documentos que são muito usados na ECA, como filmes, vídeos do Youtube, música, catálogos de exposições etc.
  • O Modelo prático para formatação de TCC, que ajuda a tirar as principais dúvidas dos autores, de forma didática.
  • Dois tutorias sobre o assunto, um deles bem simples, dirigido aos calouros ou aos estudantes com pouca experiência em normalização

Além disso, temos alguns vídeos em nosso canal no Youtube:

Fazendo referências e desbravando a ABNT

Citando filmes: referências e citações de filmes, vídeos e séries

Normalização

Agora, um alerta importante. As normas da ABNT são brasileiras e usadas pela maioria dos cursos da área de humanidades, mas não são as únicas. Existem outros estilos, como as normas da American Psychological Association ( APA), de Vancouver (amplamente adotadas na área de saúde) , de Chicago, normas ISO etc. No Portal de Livros Abertos da USP podem ser encontradas as Diretrizes para os estilos ABNT, Vancouver, ISO e APA. Se você pretende submeter um artigo a uma revista acadêmica, observe qual norma a revista adota. Revistas estrangeiras não adotam a ABNT e muitas publicações brasileiras também preferem outros estilos, ou usam normas adaptadas.

Se você precisar de mais orientações, pode marcar um treinamento conosco, por este formulário. Dúvidas pontuais? Mande um e-mail para ecablioteca@usp.br, que a gente tenta resolver.


Folha de rosto

13/09/2021

A folha de rosto é um elemento obrigatório na elaboração de trabalhos acadêmicos, mas ela também gera algumas dúvidas. Começando pelo termo usado para se referir a essa parte do trabalho, afinal, é folha ou página de rosto?

O Dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia de Murilo Bastos da Cunha e Cordélia Robalinho de Oliveira Cavalcanti prefere o termo página de rosto, definindo-a como:

Página que, no início de um item (documento/livro), apresenta a informação mais completa sobre o título, a responsabilidade, indicações da área de publicação, distribuição e outros elementos pertinentes.

A norma brasileira ABNT NBR 14724, que trata da apresentação de trabalhos acadêmicos, adota folha de rosto, já que essa parte do trabalho acadêmico é formada por duas páginas, a frente e o verso da folha.

Na parte da frente da folha (anverso) deve constar:

  • a) nome completo do autor
  • b) título: em letras minúsculas, com exceção da primeira letra, nomes próprios e/ou científicos
  • c) subtítulo, se houver, deve ser precedido de dois pontos
  • d) indicação da versão original ou corrigida
  • e) número de volume: se houver mais de um, identificar em cada capa o respectivo volume
  • f) natureza: tipo do trabalho (dissertação ou tese) e objetivo (aprovação em disciplina, grau pretendido e outros); nome da instituição a que é submetido; área de concentração
  • g) nome do orientador e, se houver, co-orientador
  • h) local (cidade)
  • i) ano de depósito (da entrega)

Uma das dúvidas que surgem nesse momento do trabalho é se a versão corrigida da tese ou dissertação precisa de nova folha de rosto? Sim, é preciso indicar que se trata de versão corrigida, e eventualmente corrigir a ficha catalográfica, atualizando número de páginas ou qualquer outro dado.

Outra dúvida tem a ver com o item f da lista acima quando diz que deve-se indicar o ‘grau pretendido’. Algumas autoras não se sentem representadas pelo título de mestre, e perguntam se é possível usar mestra.  As Diretrizes… usam em seus exemplos doutora para autoras e mestre para ambos, embora dicionários digam que mestre é um substantivo masculino. O Houaiss diz também que mestra é a “mulher que se dedica ao ensino; professora”.

Embora não dicionarizada, essa acepção de mestra como mulher que obteve o grau de mestrado vem se impondo pela prática das pesquisadoras.

Já o verso da folha de rosto deve trazer a ficha catalográfica, que também deve ser atualizada caso se trate de versão corrigida, e a autorização para reprodução.

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte

As Diretrizes para apresentação de dissertações e teses da USP – Parte I (ABNT) trazem modelos de páginas de rosto a partir da página 31, vale consultar.


Gastando o latim

16/11/2020

As normas de referência, e principalmente a de citações, da Associação Brasileira de Normas Técnicas recomendam o uso de algumas expressões e palavras em latim, para evitar que a leitura das citações se torne repetitiva, ou quando não se consegue precisar alguma informação, no caso das referências.

O latim dá voz ao que chegou até nós da cultura clássica, cultura da qual o ocidente é devedor. Expressões como status quo, causa mortis, habeas corpus e tantas outras fazem parte do vocabulário de muita gente; em áreas como direito e na nomenclatura científica, a presença do latim é ainda mais evidente.

É certo que às vezes é usado com algum pedantismo ou como marca de distinção social, o que não é de hoje:

Para as elites, o mundo clássico, antes símbolo máximo do status e da pertença de classe, foi relegado nem tanto ao esquecimento, como à denegação: cheirava a mofo e a uma visão de mundo a ser superada.

O resultado é que o latim deixou de ser obrigatório em nossas escolas de ensino fundamental e médio ainda na década de 1950. Mas como está na base de algumas das línguas mais faladas hoje no mundo e dá voz à Antiguidade Clássica, permanece.

Nas citações em documentos (ABNT NBR 10520) as expressões e palavras são recomendadas para evitar repetição nas notas de referência no rodapé, ou seja, a primeira citação em nota de rodapé deve ter sua referência completa, só então você vai ter que gastar o latim. Para tornar as coisas um pouco mais difíceis, é comum que se usem tais expressões abreviadas.

Idem – mesmo autor – Id.
SOUZA, 1990, p. 51.
Id., 2018, p. 17.
Ibidem – na mesma obra – Ibid.
DURKHEIM, 1925, p. 176
Ibid., p. 190.
Opus citatum, opere citato – obra citada – op. cit.
ADORNO, 1996, p. 38.
GARLAND, 1990, p. 42-43.
ADORNO, op. cit., p. 40
Passim – aqui e ali, em diversas passagens – passim
RIBEIRO, 1997, passim
Loco citato – no lugar citado – loc. cit.
TOMASELLI; PORTER, 1992, p.33-46
TOMASELLI; PORTER, loc. cit.
Confira, confronte – Cf.
Cf. CALDEIRA, 1992
Bom, essa daqui não é latim no sentido que estamos usando aqui, mas de onde você acha que vieram as duas palavras aí?
Sequentia – seguinte ou que segue – et. seq.
FOUCAULT, 1994, p. 17 et seq.

Idem, ibidem, opus citatum “só podem ser usadas na mesma página ou folha da citação a que se referem.”

Apud – citado por, conforme, segundo
EVANS, 1987 apud SAGE, 1992, p. 2-3

Agora um pouco de controvérsia. Diferentemente das outras expressões, essa também pode ser usada no texto, não apenas no rodapé. Usa-se essa expressão para indicar que se está citando uma citação direta ou indireta, ou seja, você não teve acesso ao documento original, e aqui entra a parte da controvérsia. No exemplo acima você estaria assumindo que a leitura ou interpretação que Sage fez de Evans, é correta, sem vieses ou ruídos. Lembram daquela brincadeira infantil do telefone sem fio?

A ABNT não diz para evitar o uso dessa expressão, no entanto a pesquisa científica é um trabalho de investigação, e se é possível encontrar o original numa biblioteca ou numa das várias bases de dados, não tem desculpa para não ir atrás do original. Veja o que diz esse editorial da Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental.

No caso das referências (ABNT NBR 6023), normalmente as expressões latinas aparecem quando não se pode oferecer a informação completa, seja para resumir uma lista de autores extensa, seja porque os dados não foram fornecidos

et alii – e outros – et. al.
URANI, A. et al.
Para mais de três autores. Recomenda-se indicar todos, mas não sendo possível usa-se como no exemplo acima.
sine nomine – sem nome (da editora) – [S. n.]
FRANCO, I. Discursos: de outubro de 1992 a agosto de 1993. Brasília, DF: [s. n.], 1993. 107 p.
sine loco – sem local (de publicação) – [s. l.]
KRIEGER, Gustavo; NOVAES, Luís Antonio; FARIA, Tales. Todos os sócios do presidente. 3. ed. [S. l.]: Scritta, 1992. 195 p.
circa – por volta de – ca.
ca. 1950
ano de publicação aproximado

Seja em áreas como direito, ou na nomenclatura científica, o latim se faz presente bem mais do que como nota de rodapé

As citações acima e os exemplos usados vieram das normas da ABNT NBR 6023 e NBR 10520 e do livro O latim hoje, organizado por Patrícia Prata e Fábio Fortes


Tabulando dados

27/10/2020

Tabelas são uma forma de apresentar informações em linhas e colunas com intuito de resumir, facilitar consulta, dispensar leitura do todo, se se tem pressa. Explicar o que é uma tabela do ponto de vista gráfico, é meio tautológico. É uma forma bastante comum de exibir dados em artigos científicos.

Nos trabalhos acadêmicos as tabelas devem ser apresentadas segundo as Normas de apresentação tabular, documento de trabalho do IBGE disponibilizado publicamente. Sua última atualização é 1993, quando boa parte dos recursos de edição a que estamos acostumados eram talvez incipientes, ou seja, as tabelas não mudaram muito de lá pra cá.

Segundo esse documento, uma tabela é  uma “Forma não discursiva de apresentar informações, das quais o dado numérico se destaca como informação central.”

a informação central de uma tabela é o dado numérico e que todos os outros elementos que a compõem têm a função de complementá-lo e explicá-lo.

Algumas recomendações sobre apresentação e diagramação de tabelas:

  • devem ser apresentadas numa única página
  • devem apresentar uniformidade gráfica
  • devem ter um título precedido da palavra TABELA e cabeçalho indicando conteúdo das colunas
  • devem ser citadas no texto e estar próximas ao trecho a que se referem
  • devem ser identificadas com algarismos arábicos sempre que houver mais de uma
  • podem ter no rodapé indicação de fonte e notas específicas e gerais
  • se a tabela precisar ser apresentada em mais de uma página deve-se repetir título e cabeçalho. Nesse caso:

 

cada página deve conter uma das seguintes indicações: continua para a primeira, conclusão para a última e continuação para as demais

 

Quando se optar por numerar as tabelas numa sequência para cada capítulo, o número da tabela deve começar pelo número do capítulo, por exemplo: TABELA 4.2, significando que se trata da segunda tabela no quarto capítulo.

A Lista de tabelas, que faz parte dos elementos opcionais pré-textuais de dissertações e teses, é recomendada quando há a partir de cinco tabelas, deve ser feita seguindo o mesmo critério de numeração das tabelas no texto, ou nos capítulos. O título LISTA DE TABELAS não é numerado, e como outros elementos que não são numerados, deve ser centralizado, mas o destaque tipográfico é o mesmo dado às outras seções primárias do documento.

A norma da ABNT NBR 14724 recomenda fonte menor para as tabelas, mas não diz o tamanho, já as Diretrizes… recomendam fonte tamanho 10 ou 11. Também o espaço entrelinhas deve ser simples, diferente do restante do texto, que se recomenda espaço 1,5.

as tabelas acima são das Normas de apresentação tabular, do IBGE

Preciso dominar as normas da ABNT? Spoiler: não!

01/09/2020

Normalizar, normatizar, padronizar, uniformizar… chato, não é? Mas necessário. 

A normalização bibliográfica é importante porque entre outras coisas facilita a troca e busca de informações, e se relaciona com questões caras ao universo da pesquisa acadêmica como plágio, comunicação científica, direitos autorais. O objetivo é também poupar o tempo do leitor, já que facilita a identificação e localização mais facilmente de suas referências.

No Brasil a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o “Foro Nacional de Normalização”, entidade privada que elabora as Normas Brasileiras (NBR), que podem ser sobre como fazer um machado ou apontando quais indicadores uma cidade precisa ter para ser uma cidade inteligente.

Aqui na nossa seara interessam as normas bibliográficas, aquelas sob a etiqueta “informação e documentação”, que são várias. Há normas sobre elaboração de referências, citações, sumário, índice, como fazer relatório técnico, resumo, lombada, como numerar as seções de seu trabalho…

Você pode estar pensando que precisa dominar essas normas ou eventualmente ser cobrado nesse sentido, mas não precisa. 

Primeiro porque você sempre pode perguntar na sua biblioteca quando a dúvida surgir, por e-mail ou redes sociais. Muitas bibliotecas universitárias estão preparadas para dar suporte e orientação sobre normalização. Aqui na Biblioteca da ECA preparamos alguns materiais a respeito.

Além de perguntar na biblioteca, você precisa sim saber onde encontrar essas normas e como consultá-las. A USP assina o Portal GEDWeb que dá acesso a normas da ABNT e de outros órgãos reguladores. Busque por “informação documentação”, como na imagem.

Vai recuperar todas as que são de interesse para a estrutura de seu trabalho. São algumas, como já falamos.

Para não ter que consultar tantos documentos a Agência USP de Gestão da Informação Acadêmica (AGUIA) oferece as Diretrizes para Apresentação de Dissertações e Teses da USP, que reúne as normas da ABNT para informação e documentação e há versões também nas normas APA, ISO e Vancouver. As Diretrizes juntam todas as normas num único documento eletrônico, permitindo assim a busca dentro do próprio documento. 

Outro motivo do porquê não precisa dominar as normas da ABNT, é que elas só são usadas no Brasil. É muito comum que revistas A1 não usem essa norma, a nossa Matrizes, revista do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação, recomenda o uso da APA.

É isso, pergunte na sua biblioteca e consulte a norma.


Orientação aos artistas

09/03/2020

Quem está fazendo sua tese ou dissertação em formato tido como “normal”, ou seja, texto acadêmico com introdução, objetivos, metodologia, desenvolvimento e conclusão, pode contar com a ajuda das Diretrizes para apresentação de dissertações e teses da USP. Na ECA usamos a versão Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), mas também há Diretrizes para outros estilos de normas.

Trata-se de um manual, preparado por bibliotecários da Universidade, que reúne num único documento as orientações de todas as normas necessárias para elaborar trabalhos acadêmicos: referências, citações, sumário, página de rosto, paginação etc. A consulta desse manual ajuda bastante mas, se as dúvidas persistirem, os bibliotecários podem dar uma força. Basta nos procurar.

Mas e os artistas? O pessoal da área de concentração Poéticas Visuais do Programa de Pós-graduação em Artes Visuais costuma apresentar trabalhos em forma de gravuras, desenhos, objetos, livros de artista etc.  Outros programas, como o de Artes Cênicas, também aceitam apresentações gráficas diferentes e criativas. São trabalhos que pouco tem a ver com folhas de papel digitadas de um lado só e encadernadas em percalux de cor escura.

Envoltórios, tese de Marcos Martins

Nesses casos, as normas de formatação não têm aplicação rígida – ou nem mesmo se aplicam. Normas existem para ajudar, não para atrapalhar a existência do pesquisador.

As Diretrizes, por exemplo, recomendam a apresentação dos textos em papel branco ou reciclado, formato A4 (21 cm x 29,7 cm), digitados na cor preta. Essa indicação, naturalmente, não precisa ser seguida nos trabalhos de arte, nem em qualquer trabalho cujo programa permita abordagens mais criativas. Os limites para a “desobediência” às normas devem ser negociados entre o candidato e seu orientador.

Algumas informações, entretanto, são obrigatórias. Por exemplo:

página de rosto, contendo título do trabalho, nome do autor e do orientador, data, nome da instituição. São informações importantes para identificar o trabalho, e interessam tanto ao leitor quanto ao pessoal da biblioteca

folha de avaliação ou aprovação, com nome completo do candidato, título, natureza: tipo do trabalho (dissertação ou tese) e objetivo (aprovação em disciplina, grau pretendido e outros); nome da instituição; programa e área de concentração, data de avaliação ou aprovação,nome, titulação e instituição a que pertence os componentes da banca.

resumo e palavras-chave, informações muito importantes para a compreensão do trabalho pelo leitor, mesmo que seja um trabalho de caráter visual, por exemplo. E não se esqueçam das pobres das bibliotecárias, que precisam entender seu trabalho para catalogá-lo e divulgá-lo de forma correta. É um livro de artista? Um livro-objeto? Um fotolivro? Nenhuma das anteriores? Mesmo que para você, o autor, essas categorias não tenham tanta importância, talvez tenham para outros pesquisadores, que procuram por esses termos com muita frequência aqui na Biblioteca da ECA.

normalização das citações e referências, caso sejam feitas citações e referências a textos e outros documentos, como é o caso da maioria dos trabalhos acadêmicos, ainda que sejam trabalhos práticos. Se você vai citar alguém, é importante que essa citação seja feita de forma correta e que a referência possa ser identificada pelos seus leitores. Se ficar difícil, corra até a Biblioteca e peça ajuda. Mas é mesmo obrigatório citar e referenciar nesse tipo de trabalho? Bem, localizamos alguns no acervo que não apresentam nada disso. Consulte seu orientador.

Para itens como formato, encadernação ou forma de acondicionamento, apresentação gráfica, tipo de papel etc, as escolhas são do artista. Temos no acervo trabalhos  acondicionados em caixas, pastas  ou sacolas plásticas, menores que um smart phone ou maiores que uma TV de 32 polegadas. A Biblioteca recebe todos os trabalhos que foram aprovados pela banca. Nosso único problema é o local de guarda. Trabalhos que não cabem nas estantes normais, ou que sejam tão frágeis que possam se deteriorar se não forem manuseados com muito cuidado talvez não fiquem nas estantes abertas, mas em salas de consulta mediada pelos funcionários que denominamos Coleção Especial. Assim, se sua tese não estiver na estante com as demais, fale conosco. 

Tese de Gustavo Garcia da Palma

O corpo, o artista e a feiticeira – tese de Kim Cavalcante

Cidade entre olhares, tese de Júlia Lopes da Mota

Deriva, dissertação de Helena Rodrigo Küller

Da imensidão ao poema, tese de Tiago Cardoso Gomes

Para conhecer esse acervo, porque nossas teses e dissertações são as mais bonitas da USP!

E a ficha catalográfica, que causa tanta perplexidade entre os autores, sejam artistas ou não? A ficha é um elemento exigido pelas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas para elaboração de trabalhos acadêmicos (NBR 14724), mas, se o autor e o orientador estiverem de acordo quanto a isso, pode ser eliminada. Para prepará-la não é necessário pedir nada aos bibliotecários, basta preencher este formulário disponível no site da Biblioteca e a ficha será gerada automaticamente.

Dúvidas? Procure a bibliotecária ou os bibliotecários de referência da ECA.

 

 

 

 

 

 


Um modelo de TCC

01/07/2019

O momento de elaborar o trabalho de conclusão de curso pode ser angustiante para muitos estudantes. Escolher o tema, levantar referências, pesquisar, ler muito, elaborar um texto na adequada linguagem acadêmica, tudo isso demanda esforço e habilidade. E aí, quando o texto começa a tomar forma (ou até antes disso), o orientador avisa que a formatação não está correta, as referências e citações estão uma bagunça e tudo isso precisa ser feito de acordo com a ABNT.

Onde encontrar, como fazer, qual dos mil documentos que encontramos na internet é o correto? Todas essas informações estão na Biblioteca, claro, não há motivo para pânico. A parte triste é que as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) necessárias para fazer um TCC não são poucas: referências, citações, sumário, resumo, numeração progressiva etc. Muitos alunos correm até a Biblioteca para consultar os trabalhos dos colegas que já passaram por isso, mas a estratégia nem sempre funciona bem. Para não fazer feio, o ideal é consultar as normas mesmo e as Diretrizes USP para elaboração de dissertações e teses, que também servem para TCCs.

Para facilitar um pouco a vida dos alunos nessa fase, pelo menos nos quesitos normalização e formatação, a Biblioteca da ECA elaborou um modelo visual de consulta rápida, com exemplos corretamente formatados de todas as partes do trabalho.

Página de rosto? Veja o exemplo:

Parágrafos, espaços entre linhas, citação com mais de 3 linhas?

O modelo não substitui a consulta às normas, seu objetivo é apenas agilizar a formatação. Se necessário, as bibliotecárias e o bibliotecário estão sempre à disposição para ajudar e tirar dúvidas.

Sugestões serão bem-vindas! Quem tiver alguma, comente neste post ou mande um e-mail para ecabiblioteca@usp.br.

Para acessar e baixar o modelo, clique aqui:

Modelo prático para formatar um TCC

Mais informações na página Normalização do nosso site:

http://www3.eca.usp.br/biblioteca/servi%C3%A7os/normalizacao

Mais dicas sobre TCCs aqui mesmo neste blog:

https://bibliotecadaeca.wordpress.com/2019/04/08/tcc-dicas-orientacao/

https://bibliotecadaeca.wordpress.com/2013/10/29/como-pesquisar-tccs-no-dedalus/